Os efeitos da guerra entre Rússia e Ucrânia podem atingir em cheio a economia do Brasil nas áreas da importação de fertilizantes e no aumento do barril do petróleo no mercado mundial aumentando a gasolina. Os deputados da Assembleia Legislativa do Amazonas (Aleam) estão preocupados com a situação, uma vez que a Rússia é responsável por 62% de todo potássio e adubos exportados para o Brasil e produz 11% do petróleo mundial.
O destrave da regulamentação da exploração mineral no Amazonas e o potencial do Estado para a produção de 70% do potássio do Brasil também tem chamado a atenção dos parlamentares para o início imediato da exploração da empresa Potássio do Brasil Ltda (subsidiária do banco comercial canadense Forbes & Manhattan), que investiu mais de US$ 2 bilhões em Autazes (a 113 quilômetros de Manaus). A empresa está impedida de começar a exploração de potássio na região por questões ambientais.
O deputado Sinésio Campos (PT), que há mais de 20 anos vem defendendo na Aleam a exploração do potencial mineral do Amazonas e uma nova matriz econômica, acredita que a guerra pode prejudicar a produção de grãos entre milho, soja e arroz no Amazonas. “Todos os governos do Amazonas que passaram são responsáveis pela nossa dependência do potássio. Quando eu falava do potássio da Ucrânia, da Rússia e da Bielorússia ninguém se preocupou em pelo menos saber onde é que ficava. Esta guerra não é por petróleo, é por alimentos, porque sem o potássio não tem grãos e nem proteína animal. Nós somos grandes produtores de grãos e carnes e sem o potássio não tem produção de soja, milho, feijão, arroz e ração. Não tendo ração, toda a produção de carne que temos deixa de existir. Grande parte da nossa carne hoje está sendo para exportação”, alertou.
Sinésio alertou que é bom iniciar as audiências públicas com a etnia Mura de Autazes, para resolver os gargalos e facilitar o início da exploração do potássio na região. “Temos uma laje de potássio que vai de Borba até Nhamundá, que dá pára explorar por 50 anos. Da Rússia vem uma grande parte do fertilizante que abastece o mundo e, agora, o sinal de alerta foi acesso. O governo federal e o governo do Estado devem se atentar. Coloquei até outdoor na cidade com “Silvinita já”, o grito de alerta já dei há 20 anos. O Brasil não tem uma política de fertilizantes. Foi preciso uma guerra para se perceber que para produzir alimentos se precisa de potássio”, alfinetou.
Na esteira do colega, Serafim Corrêa (PSB) afirmou que, no caso da guerra e as sanções econômicas impostas contra a Rússia dificultarem a compra de fertilizantes do país europeu, o Brasil vai ter que optar por novas alternativas econômicas de fornecedores. Corrêa também falou sobre a produção de potássio em Autazes.
“O Brasil terá que comprar de outros fornecedores. No entanto, o fará por preços maiores, o que vai impactar no preço final dos grãos. O problema não é burocracia. É investimento, a começar por levar um ramal do Linhão de Tucuruí de Itacoatiara para Autazes. Essa é a questão. A economia globalizada é fato e não adianta brigar com fatos. Seguindo a política de preços da Petrobras, haverá aumento de preços inevitavelmente”, ressaltou.
Wilker Barreto (sem partido) afirmou que é possível tentar harmonizar a exploração de potássio no Amazonas e desenvolver uma cadeia produtiva. “Acredito que o setores primário, secundário e terciário possam gerar recursos para o Amazonas, mas nada substitui o modelo Zona Franca de Manaus, não chegaremos nem perto. Quem diz que a Zona Franca já deu o que tinha que dar, não tem conhecimento técnico. O extrativismo mineral e o turismo precisão ser avaliados com urgência”, destacou.
Já Dermilson Chagas (sem partido) disse que está avaliando a questão da Rússia. “O Brasil se atrapalha nas próprias pernas. Dependemos das indústrias que querem, pela boa vontade, se instalar no Brasil porque há um mercado consumidor, apesar de toda carga tributária. Infelizmente, sabemos que vivemos num Estado rico que vai morrer pobre. Estamos vivendo fracassadamente”, ressaltou.
Augusto Costa, para O Poder
Foto: Acervo O Poder
Edição e Revisão: Alyne Araújo e Henderson Martins