Um racha dentro do PT do Amazonas pode estar prestes a acontecer. O presidente estadual da sigla, deputado Sinésio Campos, durante entrevista à rádio Band News, na manhã desta terça-feira, 22, não poupou nem o colega de partido, o deputado federal José Ricardo.
Para Sinésio, José Ricardo estaria “forçando a barra” para emplacar o nome de João Pedro a candidato petista ao governo do Amazonas. Na avaliação de deputado estadual, o nome de João Pedro não tem competividade.
Sinésio anunciou que, nesta quinta-feira, 24, a Executiva Nacional do PT e o ex-presidente Lula vão “bater o martelo” e confirmar apoio à reeleição do senador Omar Aziz (PSD) e que o Amazonas não terá candidato majoritário. O deputado, durante a entrevista, lembrou quando venceu a convenção municipal para disputar a Prefeitura de Manaus e teve que aceitar a vontade de Brasília, que escolheu José Ricardo para disputar o pleito.
“É bom deixar claro que já senti na pele que o PT é um partido nacional e não uma capitânia hereditária. É bom lembrar que eu fui eleito como pré-candidato a prefeito de Manaus pela convenção municipal e a nacional decidiu apoiar outro candidato (José Ricardo). É bom que se diga que já tem uma posição clara da direção nacional de não ter candidatura própria. Quem poderia ter condições de ser o candidato ao governo é o José Ricardo, mas ele já deixou claro que não quer, pela terceira vez, disputar um cargo majoritário e fica indicando o João Pedro para candidato”, alfinetou.
O deputado explicou que, durante a rápida passagem do ex-presidente Lula por Manaus, no encontro relâmpago com várias lideranças, ele disse que ouviu de forma clara quando o deputado José Ricardo anunciou o candidato dele a governador, que foi o João Pedro. “O presidente Lula deixou claro que o PT não está somente para marcar posição de candidatura e que quem pretende ser candidato ao governo tem voto para ser deputado federal. Lula deixou bem clara sua posição em relação ao nome do João Pedro, por quem tenho o maior respeito, mas é o presidente Lula que falou”, destacou.
Eleição de Lula
Sinésio afirmou, ainda, que a prioridade do PT no pleito de 2022 é a eleição de Lula para presidente da República e que quer conversar com todas as lideranças políticas. “Então, uma candidatura própria do João Pedro, que sabemos que não seria uma candidatura competitiva, poderia criar desconforto, inclusive, em buscar outras lideranças políticas aqui para apoiar a campanha nacional. No dia 24, o diretório nacional do PT vai se reunir e definir as regras para a eleição 2022. Quero antecipar que há uma posição definida entre o Lula e a presidente nacional, Gleisi Hoffmann, e os demais líderes para que o candidato ao Senado do Amazonas que o PT irá apoiar chama-se Omar Abdel Aziz (PSD). Esse é o nome que a direção nacional decidiu apoiar e não adianta fazer conjecturas. Não adianta questionar com a nacional e eu não estou naquela linha de fazer questionamento porque sei que é ‘chover no molhado’, disparou.
Em relação às críticas do deputado federal José Ricardo (PT) contra Omar Aziz, com acusações ao senador que pretende processar o deputado, Sinésio Campos foi enfático. “Quem acusa tem o ônus da prova. Eu trato uma questão política. O presidente Lula tomou conhecimento disso e não gostou da posição. O candidato ainda tem janela. Não tem janela para quem quer ser candidato a governo? Eu, quando fui preterido da convenção municipal, não sai do PT e permaneci. Creio que o PT também tem uma resolução e a direção nacional vai decidir e as regras vão ficar claras. Estou antecipando o que vai acontecer, coisa que eu não sabia quando aconteceu comigo. Essa decisão da nacional, tanto o João Pedro como o José Ricardo tomaram conhecimento porque foi claro e na frente de várias pessoas. Então, quem tenta ainda ‘forçar a barra’ ao governo em relação ao nome do João Pedro quer na verdade polemizar”, ressaltou.
‘Missão cumprida’
Em tom de missão cumprida, Sinésio Campo avaliou os frutos do seu mandato e citou a CPI da Amazonas Energia, as denúncias contra cobranças indevidas no Porto de Manaus e que o seu mandato está dando respostas para a sociedade.
“Eu tenho temas e notícias do nosso mandato, que dá destaque do trabalho, principalmente, da CPI da Energia, da luta do porto que cobra pedágio. Tenho uma pauta que dá respostas para a sociedade e não seria uma polêmica lançar candidato ou preterir outro. Estou discutindo um outro nível, que é a federação. Estou discutindo com o PV, PCdoB pra fazer uma chapa e eleger. Agora, candidatura a governo ainda não sei quem o PT vai apoiar. Eu, como presidente estadual do PT, tenho que falar a mesma língua. Quem é da direção partidária sabe como as coisas funcionam e eu não vou vender sonhos”, ressaltou.
Defesa de Lula e Omar
Sinésio Campos saiu em defesa do presidente Lula e do senador Omar Aziz ao ser questionado sobre seus projetos em relação à mineração, defendida pela direita Bolsonarista, e da posição do deputado José Ricardo, que criticou o senador pela postura firme na CPI da Pandemia do Senado.
“Omar se posicionou, ganhou projeção nacional e se manifestou com o governo central, que foi para o enfrentamento com o governo federal. Eu posso dizer que há algum tempo o nosso presidente Lula ficou quase dois anos preso sendo condenado por todas as instâncias e hoje está livre para disputar as eleições e nada foi provado contra. Há pouco tempo, o Sérgio Mouro julgou e condenou o presidente Lula e foi provado que ele nada tinha com os casos”, defendeu.
Augusto Costa, para O Poder
Foto: Acervo O Poder
Edição e Revisão: Alyne Araújo e Henderson Martins