janeiro 15, 2025 01:36

‘Atual Legislatura prefere envolvimento em atos vergonhosos’, avalia especialista sobre CMM

A Câmara Municipal de Manaus (CMM) tem um orçamento de R$ 200 milhões para 2022. Na avaliação do analista político, sociólogo e advogado, Carlos Santiago, os recursos repassados pela Prefeitura à Casa Legislativa deveriam ser melhor utilizados pelos parlamentares da 18ª Legislatura. Mas os vereadores preferem gastar o recurso em atos que ele chama de “vergonhosos” e que debatem problemas relevantes para buscar uma solução.  

“A Câmara de Manaus tem um orçamento estimado de R$ 200 milhões para 2022. É muito dinheiro. E toda vez que o orçamento do município cresce o repasse de dinheiro ao Poder Legislativo também cresce. Quanto mais dinheiro nos cofres públicos, mais verbas para a Câmara de Vereadores. Então, não faltam recursos financeiros aos vereadores para que desenvolvam suas funções constitucionais”, observa Santiago.

Debates sobre o presente e futuro da capital amazonense envolvendo problemas recorrentes como a limpeza pública urbana, a mobilidade urbana, o crescimento da cidade deveriam ser pautas mais recorrentes no plenário Adriano Jorge. Mas, conforme o cientista político, não há movimentação, debates e propostas efetivas para o ordenamento atual e nem planejamento ao futuro. 

“A atual legislatura tem-se mostrado muito aquém de suas funções legais. Não fiscaliza e nem cobra o prefeito. Prefere envolvimento em atos vergonhosos, como por exemplos: o aumento do cotão, a compra de kit selfie para vereadores, compra de imóveis caros, várias dispensas de licitações, deixando em segundo plano, temas estruturais que impactam o presente e o futuro da cidade”, critica o profissional. 

Para o cientista político e sociólogo, Manaus precisa de governantes à altura de sua importância e dos seus desafios, que sejam mais atuantes em propostas reais. 

Confira na íntegra: 

O município de Manaus é o 6° mais rico do Brasil, o 7° em número de habitantes e o mais expressivo da Região Norte na área econômica e no tamanho populacional. É politicamente muito estratégico, com mais de um milhão de eleitores, e está no coração da Amazônia. Claro que não existem somente riquezas e belezas, o município tem muitos problemas e desafios que precisam de soluções imediatas e para o futuro. Porém, ainda possui governantes muito aquém de sua importância, das necessidades atuais e dos desafios de construir uma Manaus para as próximas gerações. 

A mobilidade urbana de Manaus é precária. Na ausência de um transporte coletivo decente, há o aumento do número de carros particulares circulando e da quantidade de automóveis de aplicativos, além de motos e micro-ônibus ilegais, o que aumenta ainda mais o caos. Os ônibus de passageiros fazem parte de uma frota velha e corroída, circulam lotados e seus subsídios são cada vez maiores. Somam-se a tudo isso, as dificuldades das autoridades públicas em apontar um novo modelo de transporte coletivo visando melhorias em futuro próximo.

O município continua crescendo desordenadamente. Invasões de terras, agressões ao meio ambiente, moradias em áreas de riscos, surgimento de bairros sem planejamento e inexistência de programa de moradia popular. Não há movimentação, debates e propostas efetivas para o ordenamento urbano atual e nem planejamento ao futuro.  

Os rios, os lagos e os igarapés continuam poluídos. A flora e a fauna estão desaparecendo das áreas urbanas. Os lixos continuam sendo lançados na natureza sem qualquer cuidado. O lixão administrado pelo Poder Público nem causa mais vergonha aos governantes. As soluções voltadas para salvaguardar o meio ambiente de agressões presentes e futuras são ínfimas, o que aumenta o temor de lagos e de igarapés desaparecerem.  

O Poder Legislativo de Manaus poderia levantar o debate sobre o presente e o futuro de Manaus. Ele possui um orçamento milionário, atribuições constitucionais valorosas, uma sede própria e gasta muito dinheiro do contribuinte com pagamento de benefícios aos vereadores e com atividades promovidas por eles. 

A Câmara de Manaus tem um orçamento estimado de R$ 200 milhões para 2022. É muito dinheiro. E toda vez que o orçamento do município cresce o repasse de dinheiro ao Poder Legislativo também cresce. Quanto mais dinheiro nos cofres públicos, mais verbas para a Câmara de Vereadores. Então, não faltam recursos financeiros aos vereadores para que desenvolvam suas funções constitucionais.

A Constituição Federal e a Lei Orgânica de Manaus dão autonomias legislativas aos parlamentares das cidades em assuntos locais e determinam o dever de fiscalizar os atos do Poder Executivo, aprovar ou não as contas do prefeito, propor e aprovar leis que beneficiem todos e tragam o bem comum. Além disso, pela regra constitucional, cabe à Câmara propor realizações de plebiscitos, durante o ano eleitoral,  sobre temas importantes para os munícipes.    

No entanto, a atual legislatura tem-se mostrado muito aquém de suas funções legais. Não fiscaliza e nem cobra o prefeito. Prefere envolvimento em atos vergonhosos, como por exemplos: o aumento do cotão, a compra de kit selfie para vereadores, compra de imóveis caros, várias dispensas de licitações, deixando em segundo plano, temas estruturais que impactam o presente e o futuro da cidade. 

Manaus precisa de governantes a altura de sua importância e dos seus desafios, e ainda, de homens e de mulheres comprometidos com as próximas gerações e com a relevância política, social e econômica do município.

 

 

Priscila Rosas, para Portal O Poder

Foto: Robervaldo Rocha/CMM 

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