novembro 24, 2024 01:54

Moraes determina que Procuradoria Eleitoral analise ataque contra jornalista

O presidente do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), ministro Alexandre de Moraes, determinou na noite dessa quarta-feira, 14, que o Ministério Público Eleitoral se manifeste sobre o ataque do deputado estadual Douglas Garcia (Republicanos-SP) à jornalista Vera Magalhães.

Moraes diz que, diante da “gravidade do ocorrido”, encaminha a análise do caso ao vice-procurador-geral Eleitoral, Paulo Gonet, para que ele possa levá-lo ao Procurador Regional Eleitoral de São Paulo, “com o objetivo de ser analisada eventuais providências que entender necessárias”.

A decisão de Moraes foi tomada “de ofício”. Ou seja, por iniciativa própria, sem que o TSE tenha sido provocado a se posicionar sobre o episódio.

“Considerada a gravidade do ocorrido, determino o encaminhamento do referido link da matéria ao Excelentíssimo Senhor Vice-Procurador-Geral Eleitoral [Paulo Gonet] para que possa dar o devido encaminhamento ao Procurador Regional Eleitoral de São Paulo, com o objetivo de ser analisada eventuais providências que entender necessárias”, escreveu Moraes.

O presidente do TSE anexou na decisão um link de reportagem jornalística que relata a agressão. Vera Magalhães foi hostilizada e agredida verbalmente pelo deputado bolsonarista na noite desta terça-feira, 13.

O episódio ocorreu logo após o debate dos candidatos ao governo de São Paulo, quando Vera, sentada em uma área reservada a jornalistas, foi abordada por Douglas Garcia, que se referiu a ela como “vergonha para o jornalismo brasileiro”, mesma frase utilizada pelo presidente Jair Bolsonaro (PL) para responder a uma pergunta da jornalista no debate presidencial da TV Bandeirantes.

O parlamentar ainda filmou as ofensas e provocações ditas contra a profissional de imprensa. Vera precisou sair escoltada do local.

Entenda o caso

Conforme vídeos publicados nas redes sociais de ambos os envolvidos, Garcia vai até Vera Magalhães e a questiona: “Vera, você assinou um contrato de meio milhão de reais para falar mal do presidente da República?” O valor se refere ao seu contrato anual com a Cultura. Após isso, ela chama a segurança e ele profere ofensas, afirmando que ela é uma “vergonha” para a profissão.

“Você é deputado e veio para fazer essa palhaçada?”, pergunta Vera posteriormente. “Eu tenho vergonha na cara, o contrato é de R$ 200 mil, eu publiquei e você sabe”, continua.

O bate-boca permaneceu, até que o diretor de jornalismo da TV Cultura e âncora do debate, Leão Serva, toma o celular de Garcia e o arremessa.

Vera, em manifestação sobre o ocorrido, alega que desde o último debate presidencial na Rede Bandeirantes, em 28 de agosto, quando esteve envolvida em uma confusão com o presidente Jair Bolsonaro (PL), está “sofrendo ataques violentos e virulentos de uma base bolsonarista autorizada pelo Presidente da República, porque ele me atacou e essa base se sente autorizada a repetir os ataques.”

“Eu vou registrar um boletim de ocorrência contra um deputado que usou um convite para um debate, um convite que ele recebeu do staff do candidato Tarcísio Freitas, ele usou isso para me acossar, para me ameaçar, para me filmar, para achar que iria me intimidar, para me xingar quando eu estava sentada exercendo a minha profissão, isso não é aceitável, isso é inadmissível, isso não configura democracia”, explica.

Tarcísio Freitas, candidato ao governo de São Paulo e participante do debate, disse repudiar “veementemente a agressão sofrida pela jornalista Vera Magalhães enquanto exercia sua função de jornalista durante o debate de hoje”.

“Essa é uma atitude incompatível com a democracia e não condiz com o que defendemos em relação ao trabalho da imprensa”, complementou.

Em nota, Freitas também afirmou: “Lamento muito, se eu soubesse que ia dar alteração, não teria convidado. Jamais teria dado o convite se fosse para haver desrespeito a qualquer jornalista. O que a gente tem que fazer é afastar esse tipo de comportamento. Diante disso, não (será convidado para novos eventos)”.

Outros candidatos ao governo paulista se manifestaram. Candidatos à Presidência da República também se pronunciaram sobre a hostilidade sofrida pela jornalista.

 

 

Com informações da CNN Brasil

Foto: Reprodução

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