Depois de sofrer constantes ataques no governo do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), pelo ministro da Economia, Paulo Guedes, finalmente a Zona Franca de Manaus (ZFM) poderá prosseguir em um caminho mais estável. É que o novo ministro da Economia do Governo Lula, Fernando Haddad, afirmou, recentemente que é favorável à manutenção da ZFM.
De acordo com Haddad, o Fundo da Amazônia poderia ser usado para bancar parte dos subsídios. O ministro citou ainda que a Arábia Saudita estaria disposta a pagar US$ 1 bilhão por ano ao fundo para compensar a exploração de petróleo.
“Sou a favor de manter a Zona Franca de Manaus. Arábia Saudita estaria disposta a pagar US$ 1 bilhão por ano para compensar petróleo, é bem-vinda”, disse, em jantar Haddad, com empresários organizado pelo grupo Esfera Brasil.
O ministro também voltou a afirmar que nenhuma economia no mundo trabalha com juros reais maiores de 3% ou 4%, enquanto no Brasil a taxa chega a 8%. “Ninguém está trabalhando com juros reais maiores de 3% ou 4%. Queremos razoabilidade, pragmatismo, ou a conta não vai fechar. Corremos o risco de ter uma crise cambial em meio às eleições. Nenhum empresário imaginava que Selic iria de 2% para 14% em pouco tempo”, avaliou.
Fundo da Amazônia
A importância da reativação do Fundo Amazônia, significa a guinada na política ambiental com a mudança de governo deverão aumentar os fluxos de financiamento para preservação florestal e combate ao desmatamento. O Fundo Amazônia tem cerca de R$ 3,7 bilhões e poderá receber novas doações.
Entre as vantagens da nova política ambiental é que a medida poderá facilitar o lançamento de créditos de carbono nos mercados voluntários e o acesso a recursos de outras iniciativas, como a Coalizão Leaf, com US$ 1 5 bilhão (R$ 8 bilhões) em doações de governos e corporações.
A oferta de recursos pode aumentar, o potencial do Brasil que é gigantesco. Considerando o preço mínimo de US$ 10 por crédito de carbono (um crédito é igual a evitar a emissão de uma tonelada de gases do efeito estufa na atmosfera), a eliminação do desmatamento, legal e ilegal, na Amazônia permitiria ao País levantar US$ 18,2 bilhões (cerca de R$ 95,3 bilhões) em dez anos.
A estimativa está em relatório de junho, elaborado por pesquisadores da organização sem fins lucrativos Fundo de Defesa Ambiental (EDF) para o projeto Amazônia 2030, e foi feita com base no preço mínimo oferecido pela Coalizão Leaf.
A Coalizão Leaf (sigla, em inglês, para Reduzindo Emissões pela Aceleração do Financiamento Florestal), uma parceria público-privada, foi lançada em abril de 2021. O lançamento foi feito na conferência ambiental chamada pelo presidente dos Estados Unidos, Joe Biden, que marcou a guinada na política americana para o setor. A meta era amealhar US$ 1 bilhão até o fim daquele ano, na COP-26, cúpula climática das Nações Unidas.
Doações de Estados Unidos, Reino Unido e Noruega, entre os governos, e de multinacionais como Amazon, Nestlé, Unilever, Bayer, McKinsey, Boston Consulting Group, Salesforce, Airbnb e GSK foram as primeiras. Um ano depois, a coalizão chegou à COP-27, no Egito, com US$ 1,5 bilhão.
Do lado dos governos, a Coreia do Sul aderiu. Entre as companhias, a cadeia de moda H&M e a Volkswagen foram as mais recentes adesões, num grupo que agora tem 27 corporações, incluindo companhias que ainda serão anunciadas.
O valor obtido com a floresta preservada, indica o cálculo, pode saltar a US$ 26 bilhões (R$ 136,1 bilhões) em dez anos se, de 2027 a 2031, o preço médio do crédito for a US$ 15.
A Coalizão Leaf é uma iniciativa de REDD+ (sigla para “reduzindo emissões por desflorestamento e degradação florestal”). A lógica é formar fundos para recompensar financeiramente países emergentes pela redução de emissões de gases associados ao desmate, remunerando governos nacionais ou subnacionais por manterem suas florestas em pé.
Da Redação O Poder, com informações Infomoney e Exame
Ilustração: Neto Ribeiro/Portal O Poder