As riquezas naturais da Amazônia tem desencadeado uma série de operações da Polícia Federal para combater a exploração irregular no Amazonas. O valor de manter a Floresta Amazônica em pé é cerca de sete vezes superior ao lucro que pode ser obtido por meio de diferentes atividades de exploração econômica da região. A informação consta em relatório divulgado pelo Banco Mundial que define o desmatamento como uma “redistribuição ineficiente de riquezas públicas para o privado”. A estimativa considera que a preservação da floresta vale, ao menos, US$ 317 bilhões por ano – ou R$ 1,5 trilhão.
“Em termos econômicos, o desmatamento é uma enorme destruição de riqueza, ameaça o clima global, ameaça a extraordinária biodiversidade e formas de vida e comunidades tradicionais”, afirma o economista Marek Hanusch, líder e coordenador do relatório Equilíbrio delicado para a Amazônia Brasileira – um memorando econômico.
No documento, os economistas se posicionam de maneira favorável a salvaguardas ambientais estabelecidas no acordo negociado entre União Europeia e Mercosul, criticam incentivos fiscais da Zona Franca de Manaus e dizem que o aumento de produtividade nacional é o caminho para garantir a preservação ambiental e a melhora das condições de vida da população local.
A conta do valor da floresta preservado inclui US$ 20 bilhões anuais estimados em serviços ecossistêmicos só na América do Sul – isso considera, por exemplo, as chuvas para agricultura. O maior montante vem do papel da região como sumidouro de carbono (calculado em US$ 210 bilhões). Outros US$ 10 bilhões anuais vêm do “valor de opção”, a prospecção associada a inovações farmacêuticas baseadas em recursos genéticos, dada a biodiversidade. Mais US$ 65 bilhões são calculados para “valor de existência”, a proteção da cobertura florestal e a biodiversidade por si só. Isso é avaliado por meio de pesquisas amostrais com a população global que medem o valor atribuído à preservação da floresta para gerações futuras.
Como é feita a conta
Para o cálculo da exploração da floresta é considerada a hipótese de a área tropical ser eliminada, com substituição por outra atividade, especialmente agropecuária e florestas plantadas – que têm valor de biodiversidade menor. Segundo o documento, o custo de oportunidade da exploração da floresta, avaliado de forma muito menos conservadora, fica entre US$ 43 bilhões e US$ 98 bilhões por ano.
Por exemplo, se uma área de 20% a 35% da floresta fosse convertida em culturas de alta produtividade ou pastagens, com retorno líquido anual de até US$ 750 por hectare, o valor agrícola total atingiria até US$ 75 bilhões por ano. A estimativa, segundo o próprio relatório, pode estar exagerada. No caso da extração de madeira não sustentável, a estimativa de lucro anual é de US$ 10 bilhões. Já na atividade de extração mineral, a previsão do valor líquido é de US$ 8 bilhões por ano, nos últimos anos.
“No curto prazo, é crítico ter uma política ambiental muito forte para reduzir o desmatamento. No médio e no longo prazos, no entanto, argumentamos que o Brasil e a Amazônia precisam de um modelo de crescimento diferente”, afirma Hanusch.
Riquezas minerais
A exploração de minérios no Amazonas com a exploração ilegal de ouro, tem levado a Policia Federal do Amazonas a aumentar as operações para combater garimpos ilegais entre outras irregularidades. Recentemente, a PF com apoio da Polícia Rodoviária Federal, deflagrou na última terça-feira, 23, a Operação Pronta Resposta, para reprimir crimes de usurpação de patrimônio da União, organização criminosa e falsidade ideológica, cujas penas máximas somadas ultrapassam 13 anos de prisão.
Durante a operação, foram cumpridos um mandado de prisão temporária e três ordens judiciais de busca e apreensão expedidos pela 4ª Vara Federal da Seção Judiciária do Estado do Amazonas. Participaram da operação 17 policiais federais e oito policiais rodoviários federais. Além dos mandados, foi determinado o bloqueio de bens e valores dos envolvidos tal como o sequestro de bens móveis e imóveis que, eventualmente, estejam em sua posse.
Sobre a investigação:
As investigações tiveram início em dezembro de 2023, a partir da prisão em flagrante de dois indivíduos, na cidade de Manaus/AM, enquanto transportavam aproximadamente 47 kg (quarenta e sete quilos) de ouro na forma de barra em duas malas. Durante o transporte da carga, o veículo foi abordado por outros dois veículos que tentaram roubar a carga, avaliada em aproximadamente R$14.1000.000,00 (quatorze milhões e cem mil reais), que acabou sendo frustrado por uma equipe da Polícia Militar do Amazonas.
Queima de balsas
Em 2021, a operação da Polícia Federal para combater a exploração ilegal de ouro na comunidade de Rosarinho, em Autazes (a 120 quilômetros de Manaus), quando foram queimadas mais de 20 balsas e três garimpeiros foram presos, repercutiu na Assembleia Legislativa do Amazonas (Aleam).
O deputado Serafim Corrêa (PSB) criticou a forma violenta como agiu o governo federal, que permitiu que a PF queimasse as balsas, e o mercúrio que estava nelas afundou no rio, contaminando os peixes e aumentando o crime ambiental que já estava ocorrendo no local.
“As balsas que foram queimadas tinham mercúrio que foi para o fundo do rio, ou seja, a tragédia foi pior ainda. Quando eu falei aqui eu apelei que houvesse bom senso, racionalidade, não podia haver violência e o que nós assistimos foi a violência, que nunca foi solução. O que vemos agora são aqueles garimpeiros que são explorados e nem um deles teria capital pra fazer investimentos tão grandes. Tem alguém por trás deles. E quem disse foi o vice-presidente da República, Mourão, que o narcotráfico está por trás deles”, afirmou.
Da Redação, com informações Correio Braziliense
Ilustração: Neto Ribeiro