Depois do convite do presidente Lula para se filiar ao PT e ser o candidato a prefeito de Manaus, o ex-deputado federal Marcelo Ramos falou nesta quarta-feira, 3, à Rádio Difusora do Amazonas. O político afirmou que o convite é irrecusável, citou o fortalecimento da esquerda em Manaus nesta eleição, além de ter aberto mão da 1ª suplência a deputado federal pelo PSD, entre outros temas.
“Um convite de uma presidente já é irrecusável por si só, mas ainda de um presidente da República, que eu admiro e respeito e que só fez o bem por Manaus em toda a sua trajetória. A presidente Gleisi Hoffmman me ligou e disse que havia feito uma conversa prévia com o deputado Sinésio Campos, Anne Moura, com lideranças do PT e Valdemir Santana, e que o presidente Lula conversaria comigo”, afirmou.
Marcelo Ramos explicou que foi uma conversa informal quando Lula perguntou se ele aceitava ser pré-candidato a prefeito e se filiar ao Partido dos Trabalhadores. “Falei que se era um pedido dele e considerando a necessidade de oferecer uma alternativa para a esquerda aqui na eleição para a Prefeitura de Manaus, onde há um vácuo, respondi que aceitaria e faria todos os esforços para unificar, respeitando as candidaturas já postas de militantes históricos do Partido dos Trabalhadores”, disse.
Ao ser questionado se a sua candidatura a prefeito servirá como um “palanque” para a vinda de Lula a Manaus, fato que ainda não aconteceu nesse mandato, embora o petista já tenha vindo algumas vezes no vizinho Pará, Marcelo Ramos foi enfático. “O senador Omar Aziz entende perfeitamente que exista um palanque com coragem de se apresentar como palanque do presidente Lula na cidade de Manaus e esse palanque será o nosso palanque”, confirmou.
Fortalecimento da esquerda
Marcelo Ramos afirmou, ainda, que vai conversar com todos os personagens que compõem a esquerda em Manaus citando o deputado Sinésio, que, na sua avaliação, é o maior líder popular da esquerda, e Anne Moura, que tem uma trajetória sólida na direção Nacional, além de Valdemir Santana, o vereador Sassá e o próprio Borges, que são os pré-candidatos do PT.
“Também dialogaria com o candidato Eron Bezerra, do PCdoB, que faz parte da federação. Desde ontem tenho feito esse esforço e diálogo e vamos fazer tudo para construir uma candidatura unitária no campo da esquerda e oferecer uma alternativa que defenda a democracia, os direitos sociais e o legado do governo Lula, que sempre só fez o bem pela cidade de Manaus”, enfatizou.
Marcelo disse, ainda, que não vai fortalecer apenas a federação composta por PT, PCdoB e PV, mas que mantém conversas com todos os partidos da esquerda. Ele disse que já conversou com representante da Rede, PDT, PSB e Solidariedade e que, destes partidos, deve sair o seu candidato a vice-prefeito.
Suplência de deputado
Ao ser questionado como o senador Omar Aziz (PSD-AM) recebeu a sua saída do partido para o PT, Marcelo Ramos disse que tem uma relação de admiração e respeito com o parlamentar por ser o político mais próximo da sua trajetória. Marcelo disse que o senador Omar Aziz parece ter o compromisso de manter o PSD junto com o prefeito David Almeida, mas entende a necessidade que o presidente Lula tenha um palanque na cidade de Manaus.
“O prefeito, certamente, pela sua base evangélica, não toparia assumir-se como candidato do presidente Lula e nós não podemos passar por um processo eleitoral numa capital da importância de Manaus sem um palanque para o presidente Lula. Omar entendeu perfeitamente meu movimento de atender o presidente Lula e migrar para o PT. Ao fazer isso, e até confirmando as minhas falas anteriores de que não tinha desejo e pretensões pessoais de natureza política eleitoral, estou abrindo mão da primeira suplência de deputado federal ao sair do PSD”, disse.
Desmontar o bolsonarismo
Em relação à sua candidatura, que pode representar uma medida contra Jair Bolsonaro em Manaus para desconstruir o “bolsonarismo” na capital do Amazonas, Marcelo Ramos foi enfático. O parlamentar disse que não pode acreditar que 62% dos manauaras que votaram no ex-presidente Bolsonaro são contra a democracia, a favor de torturador, a favor que mulher receba salário menor do que homem, a favor do fim de programas sociais que alimentam as pessoas mais pobres e são a favor do preconceito com negros, homossexuais e populações indígenas.
“Temos que separar o bolsonarismo, que é de protesto ao PT, mas um bolsonarismo comprometido com a democracia e com os direitos sociais, e há um bolsonarismo radicalizado, que defende torturador, a ditadura, preconceituoso com mulheres, bolsonarismo que aceita que agridam negros, homossexuais e indígenas, e eu quero dizer algo claro. Tem gente que diz que candidato aceita e quer todos os votos. Eu não quero todos os votos. Não quero voto de quem defende torturador, de quem é contra a democracia, eu não quero voto de quem acha que mulher tem que receber menos que homem, não quero voto de quem acha que o homossexual dever ser agredido na rua por manifestar o seu amor a uma pessoa do mesmo sexo. Não quero voto de quem agride negros e acha que a população indígena deve ser dizimada”, alfinetou.
Augusto Costa, para O Poder
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