dezembro 26, 2025 19:28

Assembleia Legislativa de Roraima: quando o serviço público vira balcão de serviços

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Se o cidadão chegar à Assembleia Legislativa de Roraima(ALERR) sem saber exatamente onde está, a confusão é compreensível. Pelos nomes que aparecem na folha de pagamento, o prédio poderia muito bem funcionar como um centro de serviços: tem dentista, esteticista, designer de sobrancelhas, pastor evangélico e até árbitro da Confederação Brasileira de Futebol. Falta apenas a placa na entrada avisando que, na Casa Legislativa, legislar é só mais uma atividade opcional.

Com 4.334 cargos comissionados para apenas 24 deputados, a Assembleia de Roraima ostenta uma das estruturas mais infladas do país. O custo não é simbólico: R$ 17 milhões em um único mês, o equivalente a 78% de toda a despesa com pessoal, enquanto o quadro de concursados segue reduzido a pouco mais de cem servidores. A matemática é simples, mas o constrangimento institucional é gigantesco.

O problema não é a diversidade de profissões, mas o uso político do cargo público como extensão de interesses privados. Quando assessores seguem atendendo clientes, vendendo produtos ou apitando jogos em horário de expediente, o cargo de confiança deixa de ser instrumento de apoio parlamentar e passa a funcionar como renda paralela bancada pelo contribuinte.

Roraima já viveu o escândalo dos “gafanhotos”, quando folhas de pagamento infladas serviram para sustentar esquemas de desvio e servidores fantasmas. Décadas depois, o roteiro parece ganhar uma versão atualizada: menos fantasia, mais naturalização do absurdo. Agora, tudo acontece às claras, com crachá, salário e publicações em redes sociais.

A realidade da Casa Legislativa se afasta da sua função essencial e se aproxima perigosamente de um balcão de indicações permanentes.

Enquanto isso, o cidadão segue pagando a conta sem saber se está financiando leis, serviços públicos ou apenas uma feira particular de conveniências políticas.

Se quase toda a folha serve para sustentar cargos de confiança, quem, de fato, está trabalhando para o interesse público dentro da Assembleia Legislativa de Roraima?

Da Redação
Ilustração: Portal O Poder 

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