Sem conseguir emplacar a CPI da Pandemia, os deputados já pensam em uma outra comissão investigatória, a CPI da Asfixia, proposta pelo deputado Delegado Péricles (PSL). O objetivo é investigar a crise de oxigênio no Amazonas, ocorrida em janeiro no Amazonas.
A comissão foi proposta nesta terça-feira, 6, na Assembleia Legislativa do Estado do Amazonas (Aleam). A medida gerou polêmica entre os parlamentares Delegado Péricles, Serafim Corrêa (PSB) e Sinésio Campos (PT), que defendem a CPI da Asfixia, e os deputados Dermilson Chagas e Wilker Barreto, ambos do Podemos, que queriam implantar a CPI, que já conta com sete assinaturas.
Delegado Péricles, ao usar a tribuna, afirmou que a Aleam estava na iminência de instalar mais uma CPI, mas afirmou que também estava apresentando a “sua CPI da Asfixia”. “Temos hoje duas CPIs apresentada nesta Casa. Eu assinei a CPI da Pandemia, de autoria do deputado Dermilson Chagas, e tenho uma CPI de minha autoria, que é a CPI da Asfixia, e peço a assinatura. Ontem eu estava estudando com a minha equipe jurídica e entre os requisitos básicos para a instalação de uma CPI são os fatos determinados. Temos um problema em relação a esse pedido de CPI da Pandemia, que está muito genérico”, alfinetou.
Na avaliação do deputado, a CPI da Pandemia, apresentada por Dermilson Chagas, tem alguns pontos que podem ser questionados juridicamente. “Por isso eu peço assinatura na minha CPI da Asfixia, que trata da falta de oxigênio no Amazonas e também com ligações de casos tão graves como esse que aconteceu no período de pandemia, especialmente na segunda onda. Não vou retirar a minha assinatura, mas peço que assinem a minha CPI, que é mais objetiva”, justificou.
Na esteira do colega, Serafim Corrêa (PSB), relembrou a tradição do PSB e PT atuarem juntos ao declararem apoio à CPI da Asfixia. “Eu e o deputado Sinésio Campos (PT) entendemos que temos a necessidade de instalar a CPI. Todos os fatos relatados até aqui são graves, mas, entendemos que existe um fato mais grave que já vinha sendo debatido de forma discreta”, afirmou.
Serafim disse ainda que concorda com a linha do deputado Delegado Péricles e esperava conseguir as oito assinaturas. “Temos a CPI do Dermilson, que aborda vários pontos. E temos a CPI do Delegado Péricles, que vai apurar a questão do oxigênio. Durante a crise, a Capitã Cloroquina veio aqui e disse que o problema era a falta de tratamento precoce. Eu e o deputado Sinésio queremos que apurem isso”, ressaltou.
Sinésio Campos também se manifestou a favor dos colegas e falou que era o momento de se fazer um debate da vida. “Mais de 13 mil pessoas que foram a óbito. Uma CPI que trate exclusivamente da falta de oxigênio e das pessoas que esperam respostas e os responsáveis é necessária. Não é o proselitismo político barato. Não dá pra fazer uma CPI que não dê resultados eficazes”, alfinetou.
Polêmica
Um dos autores da CPI da Pandemia, juntamente, com Dermilson Chagas, o deputado Wilker Barreto (Podemos) questionou os colegas e defendeu que para a instalação da sua CPI faltava apenas um voto para conseguir a oitava assinatura.
Na avaliação de Dermilson Chagas, a apresentação de mais uma CPI, quando a CPI da Pandemia, já tem sete assinaturas, não passa de vaidade, se referindo à matéria apresentada pelo deputado Delegado Péricles.
“Estamos vendo uma manobra para não sair a CPI da Pandemia por vaidade, por ego. Uma pessoa que não consegue defender nem o seu presidente da República que toda hora é ‘achincalhado aqui’. Vocês fizeram uma CPI maravilhosa”, defendeu o deputado.
Augusto Costa, para O Poder
Foto: Acervo O Poder
Edição e Revisão: Alyne Araújo e Henderson Martins