O relatório técnico sobre o resultado da intervenção financeira no transporte público apresentado na Comissão de Transporte, Mobilidade Urbana e Acessibilidade da Câmara Municipal de Manaus (CMM), na semana passada, sugere, entre outras medidas para o transporte coletivo, o aumento da tarifa. O tema foi levantado pelo vereador de oposição Chico Preto (DC) durante sessão plenária desta terça-feira, 28.
De acordo com o vereador, o relatório traz perspectivas sobre gastos com pessoal e com a manutenção do transporte público na capital amazonense. Apesar de informar que não tem uma conclusão fechada, o parlamentar ressaltou alguns pontos do relatório final apontados pelo Instituto Municipal de Transporte Urbano (IMMU).
“Ao final, o IMMU aponta a necessidade de algumas providências, ou seja, ele apontou aquilo que nós viemos debatendo ao longo de 4 anos. Por exemplo, tem que licitar o executivo e alternativo, tem que renovar a frota, tem que implementar o comitê gestor da bilhetagem, tem que reativar a faixa azul, implementar as medidas de governança, tem que reformar terminais e tem que estabelecer tarifa de remuneração a título de equilíbrio econômico (aumento da passagem da transporte público)”, disse o vereador.
‘Fajuto’
Ainda durante sessão plenária, Chico Preto chamou o relatório “fajuto”, pois, à princípio, aponta que as empresas têm perdas significativas na operação dos ônibus o que reafirmaria a compensação milionária arcada pela Prefeitura de Manaus.
“Nenhum vereador da Câmara Municipal de Manaus viu algo novo nesse relatório. O IMMU não traz nenhuma novidade para a questão do transporte coletivo, como não trouxe essa gestão durante 8 anos. Qual foi a novidade da gestão do Arthur Neto em 7 anos e meio? Nenhuma”, questionou o parlamentar.
Segundo ele, essa falta de novidade na gestão de Arthur Neto no transporte público é algo preocupante. “O próximo prefeito, literalmente, vai ter que correr atrás dos prejuízos. Nós não temos um novo pensamento para o transporte coletivo, se passaram oito anos e não temos nada. A única contribuição que temos é de ônibus quebrando e pegando fogo”, ressaltou.
Conversa fiada
Chico Preto chamou de conversa ficada o discurso dos empresários que dizem que vendem as passagens no transporte coletivo, mas, no final do mês, não tem recurso para quitar a folha de pagamento dos funcionários.
“Essa é a conversa mais fiada que ouvimos durante esses últimos meses. A prefeitura administrou a venda antecipada da passagem e os empresários continuaram recebendo o dinheiro na catraca. E isso representa 40% de todo dinheiro administrado. Então, se a Prefeitura de Manaus administrou em três contas algo próximo de R$ 142 milhões nesses meses da intervenção, 40% disso, uma quantia na casa dos R$ 50 milhões, não passaram pela intervenção e não forma contabilizados no relatório. E tem outro detalhe, é que os ônibus não estão rodando com os mesmos parâmetros do contrato. Ou seja, 1,3 mil ônibus deveriam estar rodando em Manaus, se tiver 800 ônibus eu desafio”, disse o vereador.
Segundo o vereador, se por um lado os empresários do transporte tiveram queda de receita, por outro lado houve a diminuição dos custos operacionais. “Eles não estão com os mesmos custos de 1,3 mil ônibus. Então, eles não estão tendo os prejuízos que se alega. A conclusão é essa. O sistema de transporte coletivo pode estar ganhando menos, mas, dizer que está tendo prejuízos, isso é conversa para boi dormir”, disse o vereador.
Sem respostas
O Poder entrou em contato com a Secretaria Municipal de Comunicação (Semcom) para saber se a prefeitura iria comentar sobre as indagações de Chico Preto ou sobre o aumento no transporte coletivo, mas, até a publicação desta matéria, não obteve retorno.
Henderson Martins, para O Poder
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