Roraima – Considerado até poucos meses um dos partidos mais prestigiados de Roraima, o Solidariedade caiu em desprestígio na mesma velocidade em que a alta cúpula regional, liderada por Ottaci Nascimento, Jalser Renier e Genilson Costa, passou a ter os nomes relacionados ou investigados por crimes.
O declínio do partido, segundo filiados da sigla, começou logo após Jalser Renier perder o comando da Assembleia Legislativa de Roraima (ALE-RR), em janeiro de 2021, por decisão do ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Alexandre de Moraes.
Jalser, então, tentou diversas vezes voltar à presidência da Casa Legislativa, mas sofreu derrotas constantes. Apontado como mandante do sequestro e tortura do jornalista Romano dos Anjos, Jalser foi alvo, ainda no ano passado, de um pedido de cassação de mandato, protocolizado pelo deputado federal e atual presidente estadual do União Brasil, Nicoletti.
Após diversas reviravoltas, Jalser foi cassado e escorraçado da Assembleia Legislativa de Roraima por conduta incompatível com o decoro parlamentar em fevereiro deste ano. Dos 18 deputados favoráveis a cassação, Catarina Guerra e Yonny Pedroso ainda eram da mesma sigla que Jalser, mas não pouparam o ‘Menino de Ouro’. Catarina Guerra é vice-presidente da Comissão de Ética Parlamentar e teve atuação incisiva pela perda de mandato de Jalser.
Assim que tiveram a possibilidade de trocar de sigla, quando houve o período da ‘janela partidária’, Yonny e Catarina abandonaram o ‘barco’. Yonny se filiou ao Partido Liberal (PL), do deputado federal Edio Lopes, pré-candidato a vice-governador na chapa de Teresa Surita (MDB). Já Catarina embarcou no União Brasil, do deputado Nicoletti.
Ottaci condenado
Enquanto Jalser apelava na Justiça para tentar voltar ao cargo de presidente ao longo de todo o ano de 2021 e nos primeiros meses deste ano, o deputado federal Ottaci Nascimento, presidente estadual do Solidariedade, estava na mira na Justiça Eleitoral e foi condenado no passado.
Acontece que em 2020, ano em que concorreu à prefeitura de Boa Vista e amargou derrota, Ottaci foi flagrado entregando brindes e cestas básicas em um município do Estado. O parlamentar foi condenado e ficou inelegível por oito anos.
Desde que foi condenado, Ottaci tenta reverter a situação. O recurso da defesa do parlamentar, inclusive, deve ser julgado no próximo dia 19 deste mês, conforme consta na pauta de julgamentos do Tribunal Regional Eleitoral (TRE-RR).
Em 2020, quando sonhava com a prefeitura da capital roraimense, o deputado foi alvo de denúncias de agressão contra uma mulher. O caso teria ocorrido no município de Alto Alegre, Norte de Roraima.
Genilson Costa na mira da PF
Outro principal membro do partido, Genilson Costa, presidente da Câmara Municipal de Boa Vista, também é apontado como um dos responsáveis pela má reputação da sigla em Roraima nos últimos meses, segundo fontes.
Genilson, considerado um aliado fiel do governador Antonio Denarium (PP), foi alvo, na semana passada, de uma operação da Polícia Federal que mira uma organização criminosa responsável pelo tráfico interestadual de drogas. Segundo a PF, o vereador atuaria como possível colaborador do grupo, disponibilizando veículos para o transporte das drogas. Genilson nega qualquer participação em atos ilícitos.
Filiações?
Enquanto partidos faziam eventos para filiar novos membros, o Solidariedade sofreu com a debandada de duas deputadas e não divulgou eventos de novas filiações. Segundo fontes internas, apesar de tentativas de articulações, o partido estaria com má fama e políticos renomados querem distância de quaisquer ligação com os três políticos.
Silêncio
O Poder tentou contato com Jalser Renier, Ottaci Nascimento e com Genilson Costa para repercutir sobre as informações repassadas por fontes ligadas ao partido, mas não obteve respostas até a publicação da matéria.
Álik Menezes, para O Poder
Foto: Divulgação/Montagem