Utilizada como estratégia política nas campanhas eleitorais, a transferência de votos nem sempre é uma garantia da somatória de votos. A medida acontece quando o candidato a um cargo majoritário, como presidente da República, pede votos para um outro candidato a função diferente.
A expectativa é de que a transferência de votos seja baixa nas Eleições 2022. Normalmente, a transferência de votos é bem sucedida quando o candidato que associa a sua imagem a outro está terminando um mandato e, após realizar uma boa gestão, pede votos para algum aliado.
Este ano, na eleição para governador do Amazonas, Eduardo Braga (MDB) tem o apoio do candidato a presidente Lula (PT). Mesmo assim, o bom desempenho do presidenciável nas pesquisas não é garantia de que Eduardo Braga possa alavancar votos dos petistas no Amazonas, já que o processo eleitoral é complexo e pode mudar drasticamente a qualquer momento durante o processo político.
Dificuldades
A manobra de transferência de votos não é um fenômeno fácil. A medida ocorreu algumas vezes na história política do Brasil e a maneira como se deu pode ser instrutiva em relação ao que pode vir a ocorrer nas eleições.
São duas as transferências de voto mais conhecidas da história do Brasil. Uma diz respeito ao apoio de Getúlio Vargas ao general do Exército Eurico Gaspar Dutra, que definiu o resultado da eleição de 1945. A outra é o apoio de Leonel Brizola a Luiz Inácio Lula da Silva, que definiu a transferência de votos no Rio de Janeiro e no Rio Grande do Sul, durante o segundo turno das eleições de 1989.
Na história recente, o Brasil assistiu ao ex-presidente Lula da Silva (PT) transferir, em 2010, parte de seu eleitorado para a então candidata ao Planalto, Dilma Rousseff (PT), de forma suficiente para colocá-la no gabinete mais importante do Executivo. Lula também conseguiu transferir parte de seu eleitorado para eleger Fernando Haddad (PT) à Prefeitura de São Paulo em 2012. O então candidato era considerado pelo professor emérito de Ciência Política da Universidade de Brasília, David Fleischer, como o segundo “poste” eleito por Lula.
Augusto Costa, para O Poder
Foto: Acervo O Poder