Após anunciar a reabertura do comércio de forma gradual a partir do dia 1º de junho na capital amazonense, o governo do Amazonas silencia sobre Nota Técnica assinada por pesquisadores ligados à Universidade Federal do Amazonas e ao Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia (Inpa), que afirma que o afrouxamento de medidas de distanciamento social, neste momento ou nas próximas 4 semanas, pode levar a um novo crescimento das infecções e óbitos por Covid-19 em poucas semanas.
O estudo leva em consideração que o número de pessoas infectadas com o novo coronavírus atualmente ainda é elevado, mas atinge uma pequena porcentagem de indivíduos em nível populacional, estimada de 10% a 15%.
Segundo os autores da NT, a reabertura dos comércios, igrejas e templos, prevista para a próxima segunda, e a retomada dos transportes intermunicipais e interestaduais, aumentarão o número de infectados e mortos.
Conforme o documento, existem indicações fortes de uma elevada taxa de subnotificação de casos de mortes decorrentes do novo coronavírus, com pelo menos metade do valor total tendo causa atribuída a outras doenças.
A NT tem o objetivo de avaliar a situação atual da Covid-19 em Manaus, indicar estratégias de ação e recomendar diretrizes a serem implementadas, visando o controle da pandemia e uma retomada gradual de atividades cotidianas.
Diante do estudo, a Procuradora-Geral de Justiça, Leda Mara Nascimento Albuquerque, disse, na quinta-feira, 28, que o trabalho desenvolvido pelos pesquisadores só confirma aquilo que o Ministério Público sempre defendeu.
“Baseado na nota técnica, o MP se posiciona contra a reabertura do comércio e também contra a interrupção dos transportes intermunicipal e interestadual”, frisa.
O Poder entrou em contato, na tarde desta sexta-feira, 29, com o governo do Amazonas para questionar como o Estado avalia a nota e, baseado no parecer dos estudiosos, se cogitaria voltar atrás da decisão da retomada do comércio a partir do dia 1º. Sem retorno.
Da Redação O Poder
Foto: Hariel Fontenelle/O Poder