COVID: Oposição na Aleam quer a presença do secretário de Saúde para explicar sobre o Plano de Contingência

Os deputados da Assembleia Legislativa do Estado do Amazonas (Aleam) repercurtiram nesta terça-feira, 27, durante sessão híbrida, a matéria veiculada no Jornal Nacional, na noite desta segunda-feira, 26, onde mostra que Manaus voltou a ter as UTIs dos hospitais lotados por internações de casos do novo coronavírus.

O deputado Wilker Barreto (Podemos) foi o primeiro a se manifestar na tribuna da casa e apresentou requerimento convocando o secretário de Estado de Saúde do Amazonas (SES), Marcellus Campêlo, para explicar aos deputados, ainda esta semana, o Plano de Contingência do governo do Estado para aumentar o número de leitos para a covid-19.

“Dá pra confiar no que o secretário de saúde fala? Não apresenta em seu discurso nenhuma sustentação técnica. Esse plano de contingência que começou ontem tudo depois das notícias de caráter vexatório. Precisamos chamar em caráter de urgência para que o secretário de Saúde venha explicar esse plano de ação”, cobrou.

Wilker ainda apresentou aos deputados o vídeo em que segundo a reportagem do Jornal Nacional 83% das UTIs do Hospital 28 de Agosto já estão lotadas de pacientes e no Hospital Delphina Aziz, referência de combate ao novo coronavírus, a ocupação das UTIs é ainda maior e já chega aos 98%, além do Hospital Platão Araújo onde 100% das UTIs já estão ocupadas.

Num aparte a presidente da Comissão de Saúde da Aleam, deputada Mayara Pinheiro (PP) também se manifestou. Ela disse que o governo do Estado teve tempo para se preparar para essa possível segunda onda, ao contrário do início da doença, que pegou a todos de surpresa.

“A Comissão de Saúde há mais de duas semanas tem se preocupado com essa possível segunda onda dos casos de covid-19 no Estado, inclusive fizemos audiência pública em que convidamos o secretário de Estado, Fiocruz e discutimos esse planejamento que o governo do Estado deveria ter enviado a essa casa. Vi o Jornal Nacional e fiquei muito preocupada”, disse.

O deputado delegado Péricles (PSL) foi na esteira da colega e sugeriu que ainda esta semana seja feita pelos deputados uma visita técnica no Hospital Delphina Aziz, além das outras unidades de saúde. Péricles disse que a preocupação no momento é que o Amazonas viva novamente o caos no atendimento a pacientes com Covid-19, enquanto leitos não são disponibilizados em sua totalidade.

“Essa porcentagem de 98% que o Estado tem divulgado é referente aos 352 leitos existentes no Delphina ou apenas dos 100 leitos que colocaram à disposição para atendimento? Temos que ir até lá para ter acesso aos reais números de leitos equipados para receber pacientes no Amazonas, precisamos de dados concretos e não de porcentagem que podem não deixar clara a realidade”, enfatizou.

João Luiz (Republicanos) sugeriu que também sejam convidados os secretários municipais de saúde do interior. “Foram liberados vários recursos inclusive de emendas parlamentares e recursos do Ministério da Saúde para o combate da Covid-19. Os números no interior do estado estão aumentando e em algumas situações há solicitação da justiça para que transfira esses pacientes para Manaus”, afirmou.

Serafim Corrêa (PSB) relembrou que foi descoberto na CPI da Saúde que a OS (Organização Social)  que administra o Hospital Delphina Aziz oferecia o número de leitos que não era verdadeiro. “Tenho receio que a história esteja se repetindo e mais uma vez tenhamos leitos no Delphina Aziz que não estejam sendo disponibilizados à população. É muito provável que no 28 de Agosto tenhamos pacientes misturados com Covid com pacientes que não tem essa doença”, criticou.

Interior não tem  UTI

O presidente da Aleam, deputado Josué Neto (PRTB) afirmou durante o seu pronunciamento que a reportagem do Jornal Nacional está errada ao se referir que Manaus está chegando ao limite máximo das UTIs ocupadas. De acordo com Josué é o Amazonas que está ficando sem capacidade de atender os pacientes em UTI já que segundo ele, os municípios do interior não possuem em em seus hospitais as Unidades de Tratamento Intensivo.

“Hoje o melhor protocolo que temos no Brasil é de 11 medicamentos e o tratamento célere nos primeiros seis dias de doença. E até hoje não vi nenhuma campanha para dizer se você tiver três sintomas da Covid procure o médico. Nos municípios do interior não tem UTI. Ai se diz que em Manaus a capacidade de ocupação do UTI é 98% está errado é no Amazonas porque não tem UTI no interior. Não tem uma UTI em nenhum município do Estado do Amazonas. Essa legislatura precisa ter responsabilidade com o povo do Amazonas porque esse governo não tem”, alfinetou.

O Portal O Poder entrou em contato via e-mail com a Secretaria de Estado de Saúde para repercutir as declarações dos deputados, mas até o fechamento desta edição não obteve resposta.

Augusto Costa para O Poder

Foto: Divulgação