julho 4, 2024 13:00

‘Ele atrapalha imprensa e não respeita interesse público’, diz jornalista processado por senador

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O jornalista Iury Carvalho, que responde a processos por danos morais movidos pelo senador Telmário Mota (Pros-RR), disse à reportagem de O Poder nesta sexta-feira, 7, que o parlamentar passou anos atacando jornalistas, veículos de comunicação e autoridades, além de estimular a população a ficar contra a imprensa, e agora se incomoda ao ser criticado. Na mais recente ação contra o apresentador, Mota pede uma indenização de R$ 10 mil por danos morais por ter sido chamado de fanfarrão.

Em nota, a assessoria de Telmário Mota informou que ele “sempre respeitou e respeita a imprensa, mas não concorda com a postura antiética de determinados jornalistas”.

Segundo o senador, o apresentador, em um programa televisivo de Roraima, fez “duras críticas” a parlamentares federais do Estado, “acusando-os de ineficiência quanto à concessão, junto ao governo federal, de um auxílio emergencial satisfatório à população, no contexto da pandemia de coronavírus”.

Ao rebater Telmário Mota, Iury Carvalho afirmou que o parlamentar “emaranha [atrapalha] o processo de comunicação com ações judiciais”, o que seria, na avaliação dele, “uma falta de respeito com o interesse público”. O jornalista acrescentou que falta coragem ao senador para defender o povo roraimense.

“O senador da República, bem como alguns jornalistas, são pessoas públicas e, como garante a Constituição, profissionais da comunicação têm o direito de informar e se expressar sem impedimentos, sem censura por parte do Estado, ainda mais quando se trata de interesse público. E como o livre acesso à informação também garante transparência no conteúdo difundido, a população precisa ter ciência sobre diversos posicionamentos dos representantes políticos do seu estado”, destaca Carvalho, acrescentando que o parlamentar deve entender que está sujeito a comentários que o desagradem, principalmente da população de Roraima.

Sequestro de jornalista

Sobre o fato de levantar suspeitas de que o senador tem envolvimento com o sequestro do jornalista Romano dos Anjos, ocorrido em outubro de 2020, que também é citado em uma das ações, ele destaca que o colega, além de ter sido sequestrado e ameaçado de morte, foi difamado nas redes sociais, principalmente por Telmário Mota.

“Ele usou sua influência, a imagem pública como parlamentar e um meio de comunicação inerente à internet que causa enormes danos à imagem alheia a níveis catastróficos, afirmando, em vários áudios, que era preciso apurar se o carro de Romano, usado pelos sequestradores e depois incendiado, estaria no seguro, sugerindo que a vítima teria aplicado algum tipo de golpe no seguro do próprio veículo e que o sequestro seria autopromoção”, ressaltou.

Suspeito

Na mesma gravação, Telmário Mota xinga Romano dos Anjos. “Eu não posso dizer que esse cidadão é do bem. Esse cidadão é um bandido. Esse cara está há seis anos falando mal da minha família, falando mal de mim com mentiras, calúnia e difamação. Pra mim, ele é um indivíduo mau-caráter, um bandido. Ele deve estar sendo vítima da sua própria língua, das suas próprias palavras. Qual é a diferença desse bandido aí para um bandido que atua lá na favela, qual é a diferença? (sic)”, questiona o senador.

Na defesa apresentada à Justiça, Iury Carvalho afirma ser “extremamente notório que o senador Telmário Mota poderia ser considerado um suspeito do crime cometido contra o jornalista Romano dos Anjos por todas as declarações e outros ataques contra Romano dos Anjos.

“A Polícia Civil do Estado de Roraima deveria obrigatoriamente convocar o parlamentar para um interrogatório. Naquela época, a investigação não poderia descartar qualquer hipótese, isso é o que espera qualquer cidadão de bem. Mas isso não aconteceu, e transborda uma constante sensação de impunidade quando se trata de possíveis crimes políticos. O que externei até chegar aos adjetivos [se referindo aos xingamentos a Telmário], foi reflexo do que parte da sociedade exigia no mínimo, já que o caso do jornalista causou comoção regional e nacional, e até hoje, o crime segue sem solução”, argumentou Carvalho.

Outro lado

Em nota, a assessoria de Telmário Mota informou que ele sempre respeitou e respeita a imprensa, mas não concorda com a postura antiética de determinados “jornalistas” que publicam e divulgam matérias mentirosas e levianas, através de emissoras de rádios, TVs e blogs de adversários políticos que são, muitas vezes, pagos com recurso público. “São esses ‘profissionais’ que são processados”, destaca.

Ainda de acordo com a nota, o senador é a favor da imprensa livre e da democracia, mas admite e se defende de uma perseguição clara, constante e difamatória contra sua imagem.

 

Érico Veríssimo, para O Poder

Foto: Geraldo Magela/Agência Senado

 

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