A prisão do ex-presidente do Peru, Pedro Castillo, aumenta a angústia que já ronda o presidente Jair Bolsonaro (PL) sobre o que acontecerá com ele a partir do momento em que perder o foro privilegiado no final do ano. Ele tem muito medo de ser preso.
Seus comentários ao longo dos últimos anos sobre isso não foram apenas estratégia para deixar seus seguidores prontos para quando ele os chamassem às ruas em atos golpistas. Era o seu inconsciente gritando que há uma assombração rondando seu sono e, definitivamente não é o “fantasma do comunismo”.
Bolsonaro não tentou dissolver o Congresso Nacional, nem instalar um estado de exceção, como Castillo, mas atacou a Constituição, como seu colega, bem como a democracia, as instituições da República e o sistema de votação na tentativa de se reeleger.
E temos a sua responsabilidade em parte dos 690 mil brasileiros mortos por covid-19, na corrupção que envolveu até pastores cobrando propina no Ministério da Educação e nos bilhões gastos na tentativa de comprar votos, que ajudaram a criar o caos nas contas públicas neste final de ano.
No Peru, as instituições funcionaram e o presidente foi destituído e preso. No Brasil, Bolsonaro só não foi cassado ou preso porque contou com o apoio do centrão no Congresso Nacional e a complacência do procurador-geral da República, Augusto Aras – proteção que termina em 31 de dezembro.
Esse medo se manifestou repetidas vezes na comparação a outra líder sul-americana a ex-presidente da Bolívia, Jeanine Añez, condenada por um golpe de Estado em junho deste ano. Ela estava presa há 15 meses e sendo julgada com ex-chefes militares.
logo após a sentença ser declarada, Bolsonaro se comparou a ela, durante visita a Orlando, os Estados Unidos. Poderia ter se comparado a qualquer estadista com grandes feitos. Preferiu uma pessoa acusada e sentenciada por golpe de Estado.
“A turma dela perdeu, votou a turma do Evo Morales. O que aconteceu um ano atrás? Ela foi presa preventivamente. E agora foi confirmado dez anos de cadeia para ela”, disse. E foi além: “Quala acusação? Atos antidemocráticos. Alguém faz alguma correlação com Alexandre de Moraes e os inquéritos por atos antidemocráticos? Ou seja, é uma ameaça para mim quando deixar o governo?”, questionou.
Com informações UOL
Foto: ALAN SANTOS/PR