janeiro 18, 2025 22:32

Liderada por Silas Câmara, bancada evangélica pode se aproximar do governo Lula após recesso

Com a troca de comando da Frente Parlamentar Evangélica (FPE), que vai ser presidida pelo deputado federal Silas Câmara (Republicanos-AM) a partir de agosto, uma parte da bancada evangélica já trabalha com a expectativa de se aproximar do governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT).

Câmara vai assumir o posto atualmente ocupado pelo deputado Eli Borges (PL-TO), ligado ao ex-presidente Jair Bolsonaro (PL). Com a troca de comando, parlamentares que defendem uma aproximação com Lula admitem que a abertura de diálogo com o Palácio do Planalto será facilitada.

Ao ser questionado pela reportagem do Portal O Poder, sobre a sua expectativa para assumir a FPE na volta do recesso e da aproximação dos evangélicos com o governo Lula, Silas Câmara preferiu ser diplomático. “Não falarei sobre a FPE até o dia 2 de agosto, pois até lá ainda não sou o presidente”.

Já entre os integrantes do governo Lula, a avaliação é de que Silas Câmara é um parlamentar “pragmático” e de perfil “conciliador”. Por outro lado, os petistas avaliam que Eli Borges fechou a bancada para o diálogo com o Executivo por conta de sua proximidade com Bolsonaro.

Recentemente, por exemplo, o deputado do PL disse que Lula “não entendeu a importância dos evangélicos” no Brasil. A declaração se deu quando o chefe do Executivo decidiu não ir à Marcha para Jesus, em São Paulo (SP).

Para o segundo semestre, a expectativa de integrantes da frente Evangélica é de que haja uma redução da oposição da bancada a pautas governistas no Congresso, com exceção às de costume.

Atualmente o grupo conta com 132 deputados e 14 senadores, força suficiente para influenciar em qualquer votação. Silas Câmara já defendeu publicamente que deve apoiar matérias ”boas para o Brasil” do governo Lula.

Ministério e aproximação 

Com a troca de comando da frente parlamentar, aliados de Lula já defendem que o governo faça uma aproximação com a bancada evangélica. A expectativa é de que ministros do governo ampliem as agendas para ouvir aqueles parlamentares que se mostrarem dispostos ao diálogo com o Planalto.

A eventual adesão do Republicanos ao governo com a possível escolha do deputado Silvio Costa Filho (PE) para comandar o Ministério dos Esportes é um passo na direção de reaproximação com a Igreja Universal, que exerce influência sobre a legenda. O líder do partido na Câmara, deputado Marcos Pereira (SP), tem negado que a sigla irá assumir o ministério na gestão petista.

A pasta dos Esportes é vista como estratégica para o Republicanos por conta de sua capilaridade para atender projetos sociais em todo o país. Nesta quinta-feira (13), o líder do governo no Congresso Nacional, senador Randolfe Rodrigues (AP), afirmou que partidos como Republicanos e o PP, do presidente da Câmara, Arthur Lira (AL), são bem-vindos para a base do governo.

A atual ministra dos Esportes, Ana Moser, se reuniu com Lula na semana passada e ganhou sobrevida no cargo ao menos até o final deste mês de julho. Ela foi escalada para representar o governo brasileiro durante a Copa do Mundo Feminina de Futebol, a partir do dia 20 de julho na Austrália. Nos bastidores, integrantes do PT admitem que Moser pode ser realocada para a presidência do Comitê Olímpico Brasileiro (COB) caso seja feito um acordo com o Republicanos.

Reforma Tributária

Como estratégia de aproximação, o Palácio do Planalto usou a tramitação da reforma Tributária na Câmara para fazer um aceno aos parlamentares da bancada Evangélica. De acordo com deputados da frente, o apoio ao texto foi construído em negociações em que o Executivo se mostrou aberto e suscetível a atender as demandas apresentadas.

Até o momento, a maioria dos pedidos dos parlamentares da bancada Evangélica gira em torno de benefícios tributários para os templos religiosos. Nessa estratégia, uma emenda aglutinativa mudou trechos da Proposta de Emenda à Constituição (PEC) da reforma e ampliou as benesses tributárias para as “entidades religiosas”.

A expressão um tanto genérica chegou a gerar polêmica por possibilitar que qualquer organização ligada a igrejas – sem especificar o ramo, se rádio, hospital ou outra diferente – também não pague tributos. Apesar disso, a liderança do governo endossou o texto apresentado pelos parlamentares da bancada Evangélica.

De acordo com o deputado Cezinha de Madureira (PSD-SP), o governo se abriu para o diálogo com a bancada. “Abriu totalmente as portas e deu um passo importante nessa relação com os evangélicos”, afirmou o deputado.

 

 

Da Redação, com informações da Gazeta do Povo

Ilustração: Neto Ribeiro

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