julho 31, 2025 08:28

Prefeito Cecéu chama de ‘absurda’ denúncia de indígena Kokama contra PMs por estupro

A coluna da UOL divulgou nesta quarta-feira, 30, um áudio gravado pelo prefeito de Santo Antônio de Içá, Walder Ribeiro da Costa, conhecido como Cecéu, em que ele defende os policiais militares presos por suspeita de estupro de indígena na delegacia do município.

O áudio foi enviado em um grupo de conversas e o prefeito afirma estar “revoltado” com a denúncia. “Se tem algum culpado nesse negócio, o que acho muito difícil, teria que ser apurado para que os caras fossem condenados e depois presos, e não é isso que está acontecendo”, disse Cecéu.

Em outro trecho, o prefeito diz ser um “absurdo” a denúncia e que houve “muita irresponsabilidade” na acusação contra os policiais, que agora “estão tendo problema em casa” por conta da repercussão do caso.

Cecéu questiona a existência do exame de corpo de delito: “Dizem que fizeram, não sei se fizeram”. Segundo o UOL, que teve acesso ao resultado dos exames, realizados em agosto de 2023, houve a confirmação de conjunção carnal e hematomas na vítima.

Povo Kokama solicita retratação pública

O líder do povo Kokama, cacique-geral Edney da Cunha Samias, por meio de nota, disse que as falas “além de desrespeitosas, atentam contra a dignidade do povo indígena Kokama, ferindo princípios constitucionais e legais que garantem o respeito à diversidade étnica, à honra e à imagem dos povos originários”.

Em conversa com o UOL, o cacique ainda afirmou que a entidade está acompanhando o processo da indígena de perto. “Nós, indígenas do Brasil e do estado do Amazonas, estamos muito tristes com esses fatos ocorridos no meu município”, disse Edney.

Cecéu atacou o advogado da vítima, alegando que Dacimar de Souza Carneiro, que entrou com a ação de danos materiais e morais, realizou a denúncia na intenção de “conseguir um dinheiro, uma indenização do estado”.

Entenda o caso

A indígena de 29 anos da etnia Kokama está processando o estado do Amazonas por ficar nove meses e 17 dias na delegacia de Santo Antônio do Içá. Ela estava detida junto a homens e relatou ter sofrido agressões físicas, morais e estupros, praticados por policiais militares e por um guarda municipal. Eles foram presos. Exames apontaram marcas no corpo compatíveis com a denúncia.

A mulher foi presa em novembro de 2022, quando seu filho tinha apenas 21 dias de vida. Mesmo amamentando, ela conta que foi estuprada na cela até a sua transferência para o Centro de Detenção Provisória Feminino de Manaus, ocorrida apenas em agosto de 2023, onde cumpria pena até o início desta semana, quando teve direito à semiliberdade — vai ficar em um abrigo.

 

Com informações de UOL

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