Nesta terça-feira, 22, o vereador Sassá da Construção Civil (PT) rebateu a acusação de que seus assessores estariam divulgando Fake News a respeito de Amom Mandel (sem partido) na tribuna da Câmara Municipal de Manaus (CMM).
“Tudo para Vossa Excelência é levado para o Conselho de Ética. A Vossa Excelência tem um modo de querer intimidar os vereadores, mas a mim, não. Você bate no peito e diz que contigo é diferente. Todo mundo aqui é igual. O mesmo voto seu é o meu”, debochou Sassá. Segundo o vereador, com ou sem o cotão, o trabalho desempenhado por ele continua o mesmo.
“Existem as benfeitorias da Justiça no ano passado e o assessor perguntou, como os familiares de Vossa Excelência são do Judiciário, se era legal também ter uma ajuda acima dos R$ 100 mil. A pessoa não falou mal de você, apenas fez uma pergunta. Quer dizer, se a pessoa perguntar sobre meu salário é crime? Não, mas para você é crime”, rebateu Sassá.
Amom Mandel é neto do presidente do Tribunal de Justiça do Amazonas (TJAM), Domingos Jorge Chalub.
“Sobre o programa de rádio, Vossa Excelência citou que eu ‘banco’ a rádio. Vossa Excelência terá que provar na Justiça comigo. É difícil porque você é blindado, mas o Sassá não é. Apoio cultural é apoiar os eventos, ajudar banda de forró. O senhor está jogando para a torcida”, acusou o petista.
Sassá frisou que Amom Mandel é novo e que é neto de um homem honrado, mas que deveria ter conversado com ele, Joelson Silva (Patriota) e Dione Carvalho (Patriota) pra resolver o problema. Na última segunda-feira, 21, Silva fez a mesma afirmação.
“Expõe nosso nome na imprensa como se todos nós fôssemos bandidos. Ninguém é bandido. Queria fazer uma pergunta para Vossa Excelência, aqui, e quero que responda para o povo do Amazonas. Vossa Excelência possivelmente será candidato a deputado estadual ou federal. Vossa Excelência abrirá mão do cotão? Tem que falar para o público aqui”, desafiou Sassá.
“Vou aproveitar o aparte para questionar o seguinte: de onde vem os recursos para os forrós? De certa forma, o senhor apoia os eventos, eles são equivalentes em dinheiro e na Justiça Eleitoral, nós declaramos”, rebateu Amom Mandel.
Amom também defendeu a sua família das acusações de Sassá. “Eu ressalto aqui que nenhum familiar meu recebeu salários milionários nem nenhum tipo de desvio. O que Vossa Excelência acaba de afirmar nesta tribuna pode configurar quebra de decoro. E não, não uso o cotão, nem pretendo utilizar. Nunca”, respondeu o vereador.
Sassá relembrou a polêmica do puxadinho e disse que o Anexo II da Câmara era uma obra de grande porte, mas foi reduzida para o termo pelo vereador. O parlamentar acusou Mandel de espalhar Fake News sobre o caso.
“Teve um portal aí que espalhou que o senhor teve uma conversa com o governador Wilson Lima (PSC). O senhor tem andado na sede do governo? O senhor foi fazer o que lá? Foi pedir emprego? Porque tudo o que o senhor fala é Fake News”, indagou Sassá.
Nesse momento, o petista foi interrompido pelo presidente da Sessão, Diego Afonso (PSL), que indicou que Marcelo Serafim (PSB) estava sinalizando um aparte.
‘Clima desagradável’
O líder do prefeito David Almeida (Avante) tentou acalmar os ânimos na Casa Legislativa. “Eu estou no meu quarto mandato parlamentar, já tive um mandato como deputado federal e estou no meu terceiro mandato como vereador. Eu nunca vi um clima tão desagradável e pesado com discussões que ‘apequenam’ o Parlamento. Eu não vou sair em defesa nem de A nem de B. Nós sabemos que a Justiça deu salários para juízes e desembargadores. Isso daí é legislação deles. O desembargador Chalub não cometeu nenhum crime”, defendeu Marcelo Serafim.
“O vereador Amom se posiciona dizendo que não pretende usar a Ceap quando for deputado federal. Pelo amor de Deus, Vossa Excelência terá que viajar de avião para Brasília (DF) toda semana. Falar isso pode ser usado contra Vossa Excelência”, alertou o vereador ressaltando as qualidades de Mandel como parlamentar.
Marcelo Serafim contou que já foi exposto nas redes sociais de alguns vereadores e nunca reclamou porque “é do jogo” e ressaltou que a Casa não é feita de “compadres”, mas é preciso respeito. “É preciso ter o mínimo de serenidade no debate. Engana-se quem acha que quando joga lama consegue escapar. Todos nós aqui estamos para somar”, disse.
Sassá retomou seu discurso com outro posicionamento falando que não sente raiva de Amom Mandel, que eles devem conversar e que muitos querem uma cadeira no Plenário. Além disso, retrocedeu suas acusações ao judiciário falando que o aumento diz respeito à Corte. “Tem que ser conversado entre nós. O senhor jogou meu nome e tive que vir me explicar”, alegou Sassá terminando seu discurso.
Amom também se manifestou. “Primeiro ponto, meu nome é Amom, eu sou vereador da cidade de Manaus e o meu papel é fiscalizar o Município. Eu não tenho procuração para falar de nenhum outro órgão, exceto a minha Ouvidoria e meu gabinete. Repito: calúnia, difamação e injúria são crimes. Se outros magistrados receberam e o vereador Sassá está incomodado, tem que perguntar deles. Se o vereador Sassá acha que, por isso, temos que aumentar o cotão, é problema dele. Se outros vereadores acham que eu estou errado sobre não defender o uso do cotão, também é problema deles. Eu não vou usar e ponto final”, criticou Mandel.
Para Marcelo Serafim, Amom respondeu que não usará o cotão, que mostrará os extratos se preciso for e que “o salário é dele e ele faz o que quiser”.
“Não adianta ninguém aqui fazer ataques pessoais à minha família. Isso na filosofia chama-se Argumentum ad hominem. Quando as pessoas não têm argumentos, atacam quem as incomoda”, finalizou Mandel.
Após o episódio, o Grande Expediente continuou normalmente.
Priscila Rosas, para O Poder
Foto: Divulgação
Edição e Revisão: Alyne Araújo e Henderson Martins