O presidente Jair Bolsonaro (PL) indicou que deve demorar algum tempo para escolher dois novos ministros do Superior Tribunal de Justiça (STJ) a partir de uma lista de quatro nomes que foi eleita pela própria corte.
O presidente sinalizou que gostaria de dar um tempo para permitir que o ministro Kassio Nunes Marques, do Supremo Tribunal Federal (STF), consiga digerir a derrota que sofreu ao ver o nome do desembargador Carlos Brandão, que defendia para a lista, ser fragorosamente derrotado na eleição interna do STJ.
Em vez de Brandão, um dos quatro vencedores da votação foi justamente um desafeto de Nunes Marques —o desembargador Ney Bello Filho, do Tribunal Regional Federal da 1ª Região.
Só depois da certeza de que ele sairia vencedor, o ministro do STF recuou do veto e lançou pontes na direção do ex-adversário.
Ney Bello ficou em segundo lugar, com 17 votos, logo atrás do primeiro colocado, o desembargador Messod Azulay Neto, que recebeu 18 votos. Foram eleitos ainda os desembargadores Paulo Sérgio Domingues e Fernando Quadros. Dois deles serão escolhidos por Bolsonaro para integrar o STJ. Dos quatro, o único que parece não ter chance alguma é Quadros, que trabalhou com o ministro Edson Fachin, do STF _a quem o presidente já atacou.
O resultado explicitou o isolamento de Nunes Marques em tribunais superiores —começando pelo STF, em que ele vota alinhado com o governo Bolsonaro e sem diálogo com os outros magistrados.
Ele foi o único magistrado, por exemplo, a inocentar o deputado federal Daniel Silveira (PTB-RJ) pelos ataques feitos ao próprio Supremo, que definiu como meras “bravatas”.
De acordo com magistrados do STJ ouvidos pela coluna, Nunes Marques, sem qualquer apoio no próprio STF, não tem peso nem estatura para interferir em outros tribunais. E não tem sido ouvido, mesmo estando totalmente alinhado ao presidente da República.
Conteúdo Folha da São Paulo
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