O ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) criticou nesta terça-feira, 24, o presidente Jair Bolsonaro (PL) por trocar novamente o comando da Petrobras em meio à escalada nos preços dos combustíveis. Na noite de segunda-feira, 23, o Ministério de Minas e Energia indicou Caio Mário Paes de Andrade para a presidência da empresa, em substituição a José Mauro Ferreira Coelho.
“Não adianta o Bolsonaro trocar presidente, ele tem que trocar de postura. Ele precisa ter coragem para assumir a Presidência deste país de verdade, precisa parar de acreditar que as fake news que ele faz todo dia e toda semana de manhã vão sustentá-lo por muito tempo”, afirmou o petista em entrevista à rádio Mais Brasil News.
Lula defendeu que Bolsonaro convoque uma reunião do Conselho Nacional de Política Energética, com a participação da Petrobras, para decidir que “o preço não será dolarizado”.
“Nós não vamos pagar o preço internacional, nós vamos pagar o preço do custo da gasolina aqui do Brasil. É isso que nós temos que fazer. O trabalhador ganha salário em reais, nós fazemos produção em reais, não tem porque ficar cobrando em dólar para o povo brasileiro ter que pagar o preço internacional. Não tem nada a ver, o Brasil é autossuficiente”, afirmou.
O ex-presidente acusou Bolsonaro de ter o “rabo preso com os preços internacionais” e citou como exemplo a atuação de seu governo em 2008, quando o barril de petróleo, segundo o petista, chegou a US$ 147, e a gasolina ficou a R$ 2,60.
Segundo o petista, metade da inflação que o Brasil tem atualmente se deve a preços controlados pelo governo, como gasolina, diesel, gás e energia elétrica.
“O Bolsonaro precisa parar de falar bobagem, de ficar dizendo que tem vontade de dar um murro na mesa. E não é trocando o presidente não, se a Petrobras é tão importante, assuma ele a presidência da Petrobras”, disse.
Lula citou o lucro líquido anual da empresa em 2021, de US$ 106 bilhões, para criticar a política de preços da empresa. “Em vez de [o lucro] ser investido, grande parte dele, em novas tecnologias, em novos investimentos, em mais refinarias, o que eles fizeram? Estão pagando dividendos, estão pagando os acionistas. Ou seja, para os brasileiros o preço da gasolina em R$ 8, o preço do diesel a R$ 7, o gás a 150, 140, 130, sabe? E, para os acionistas estrangeiros, lucro. Não é possível. É irresponsabilidade”, criticou.
A CNN procurou o Palácio do Planalto para comentar as declarações de Lula, mas não obteve resposta.
Reforma trabalhista
O ex-presidente também voltou a falar sobre mudanças na reforma trabalhista e no teto de gastos. Segundo o petista, seu eventual governo não irá “destruir o que foi feito”.
“Nós precisamos readequar a reforma do trabalho ao século 21. Tentar adaptar as leis trabalhistas ao mundo do trabalho de hoje, é isso o que o movimento sindical deseja. A gente não quer voltar ao passado, a gente quer ir para frente. Significa discutir uma legislação trabalhista junto com os dirigentes sindicais, trabalhadores, empresários e governos”, disse.
Segundo Lula, os empresários “não querem reforma, eles querem destruir o que os trabalhadores têm”.
Em relação ao teto de gastos, ele classificou a medida como “uma forma que a elite econômica e política brasileira fez para evitar que pobre tivesse aumento nos benefícios, nas políticas sociais, na educação, saúde” a fim de garantir que os banqueiros “não deixassem de receber o que o governo deve para ele”.
“Um governo sério não precisa de teto de gastos. Eu tenho 76 anos de idade e nunca ouvi falar disso. Isso só foi falado depois do golpe. Por que aprovaram? Porque os banqueiros são gananciosos. Eles exigiram que o governo garantisse o que eles têm direito de receber. E tentaram criar problemas para investimentos na saúde, educação, ciência e tecnologia”, afirmou.
Com informações da CNN Brasil
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