novembro 23, 2024 05:53

Pastores presos em flagrante pela PF confessam ligação com David Almeida

Os líderes religiosos presos em flagrante pela Polícia Federal neste sábado, 26, assumiram, em depoimento, que o dinheiro apreendido foi doado por uma pessoa ligada à campanha de David Almeida (Avante). Ao todo, a PF encontrou R$ 21.650,00 com os pastores.

A instituição mandou o inquérito policial ao Tribunal Regional Eleitoral do Amazonas (TRE-AM) para continuidade das medidas necessárias. O Portal O Poder teve acesso ao documento.

Como foi feita a prisão em flagrante

Conforme o inquérito, a PF recebeu a denúncia às 7h informando que, na manhã deste sábado, líderes religiosos estariam realizando a entrega de dinheiro em trocas de votos para David Almeida no mini Centro de Convenções da Igreja Pentecostal Unidos do Brasil, situado no Monte das Oliveiras, na Zona Norte de Manaus. Os policiais observaram uma grande movimentação de entrada e saída de pessoas, com controle sobre quem estava no recinto, além de verificarem uma mochila, listas e uma sacola cheia de envelopes brancos identificados por numeração com uma quantia de R$ 200 cada.

“Os pastores alegaram que o dinheiro se tratava de uma oferta recebida na noite anterior, no valor total de R$ 38.000,00, a ser distribuído entre pastores e obreiros. A denúncia recebida mencionava que, durante toda a manhã, pessoas compareceriam exclusivamente para retirar os envelopes. A confirmação desse fato foi feita pelos agentes”, diz trecho do documento.

Parte do dinheiro doado pela pessoa ligada à campanha do prefeito já teria sido distribuído quando a polícia chegou no local. A PF também constatou que a entrega de envelopes seguia um fluxo organizado com a participação de pastores e obreiros.

Outro lado 

À PF, Flaviano Paes Negreiros identificou-se como pastor e líder religioso e explicou que a oferta de R$ 38 mil do membro ligado à campanha de David Almeida seria distribuída entre pastores e obreiros para ajudá-los com despesas relacionadas à convenção da igreja, marcada para a semana seguinte. O pastor negou que o ato seria para a compra de votos e que não foi feito pedido neste sentido. Ele também admitiu que a distribuição às vésperas da eleição foi um erro.

Quanto a lista, Flaviano explicou que foi uma medida para ninguém ser excluído da distribuição e que a mensagem pedindo o comparecimento de pessoas que votam em Manaus foi feita para evitar a participação de pastores do interior, uma vez que vir até a capital gera custos que “não fariam sentido”. Ele negou que seria um controle eleitoral e que não utilizava sua posição como pastor para influenciar os membros da igreja a votar em um candidato específico.

O outro pastor chamado Werter Monteiro Oliveira confirmou a oferta de R$ 38 mil e a história de Flaviano. Ele disse que optaram por dividir a quantia entre os obreiros e não deixarem para si. Além disso, Werter disse que eles não tinham experiência com esse tipo de distribuição e, por isso, não a fizeram por transferência bancária. O líder religioso também afirmou que a reunião era informal e interna.

Crime eleitoral

O delegado da PF, João Marcello Rodrigues Uchoa, entende que Flaviano e Werter praticaram o crime previsto no art.299 do Código Eleitoral. O delegado também informou que a foto de perfil de Flaviano no WhatsApp demonstra apoio ao candidato David Almeida. Para continuidade da investigação, ele pediu autorização para acesso aos dados armazenados nos celulares de ambos os líderes no intuito de identificar o irmão que fez a doação, bem como possível envolvimento de outras pessoas.

A Polícia Federal estipulou a fiança em R$ 15 mil para cada.

 

Priscila Rosas para Portal O Poder

Foto: Neto Ribeiro/Portal O Poder

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