Uma mensagem enviada logo após o segundo turno das eleições a funcionários da área de informática do Palácio do Planalto diz que o sistema antivírus da rede da Presidência da República “detectou uma ameaça” e que, por isso, os computadores teriam que ser formatados – ou seja, teriam seu conteúdo todo apagado.
O aviso foi recebido com estranheza por alguns destinatários, especialmente por ter sido disparado dias depois da derrota eleitoral de Jair Bolsonaro. O motivo é óbvio: em razão da tal ameaça detectada, com a suposta necessidade de formatar os computadores, arquivos importantes poderiam ser deletados.
A mensagem dizia que a ameaça seria um malware que danifica arquivos e o sistema operacional dos computadores. Afirmava, ainda, que “em alguns casos” arquivos foram criptografados.
De acordo com o texto disparado para os funcionários do setor de informática, a orientação era para formatar os equipamentos e, em seguida, reinstalar o sistema operacional padrão das máquinas.
As equipes foram convocadas a chegar mais cedo no dia 3 de novembro, a quinta-feira seguinte à eleição, para atuarem em uma força-tarefa destinada a “amenizar” a situação.
O aviso dizia ainda que as outras áreas do Planalto já haviam sido informadas do problema.
Nesta quinta-feira, a coluna fez uma série de perguntas à Presidência da República, mas não obteve resposta.
Horas depois, a Secretaria de Comunicação afirmou que ainda estava aguardando informações da área técnica.
O Gabinete de Segurança Institucional, indagado diretamente, respondeu que questionamentos sobre o assunto deveriam ser feitos à Secretaria-Geral da Presidência, à qual está subordinado o departamento de tecnologia do palácio.
A coluna perguntou, por exemplo, qual a extensão dos supostos danos, se arquivos foram realmente perdidos, se foi possível fazer backup nas máquinas e se computadores do gabinete presidencial foram afetados.
Até o fim da noite, as perguntas seguiam sem resposta.
Atualização
Em nota enviada nesta sexta, a Presidência confirmou a “ameaça” em computadores, mas negou danos ao sistema. A resposta veio quase 20 horas depois de a coluna enviar ao Palácio do Planalto perguntas sobre o assunto.
Leia a íntegra:
“Em 01/11/2022, as ferramentas de segurança que protegem a rede da Presidência da República detectaram a presença de um malware em algumas estações de trabalho, tendo neutralizado suas ações poucos minutos depois. De imediato, a Equipe de Tratamento e Resposta a Incidentes em Redes Computacionais (ETIR) iniciou as análises para identificar a origem da infecção, tendo identificado que ela ocorreu por meio de phishing. Não houve vazamento de dados, nem comprometimento de sistemas hospedados na rede da Presidência da República.”
Da Redação com informações de Metrópoles
Foto: Rafaela Felicciano/Metrópoles

