Durante seis meses do ano, a indígena Ananda de Sousa Pereira, de 20 anos, vive praticamente em cima de um barco. Faz isso quando as águas do rio sobem e inundam as terras da região. A cheia é sinal de abundância de pescado para ribeirinhos de afluentes do Amazonas que moram na aldeia Moyray, onde nasceu, cresceu e vive.
Mãe de Nelita Yare, de dois anos, e casada com David, de 23, a jovem vive na comunidade indígena do povo Mura com outras 59 famílias. Lá, tem de lidar com características da natureza que impactam na vida e no sustento da família.
Quando as águas baixam e o rio seca, a pesca é prejudicada. Na busca de alimentos e de serviços essenciais, como educação e saúde, Ananda encara a “voadeira” (lancha que transporta a população para a outra margem do rio de forma rápida) e um trecho de estrada para chegar ao município mais próximo, Autazes, a 60 quilômetros.
Autazes fica a 126 quilômetros de Manaus e conta com 41 mil habitantes. Entre eles, uma população indígena de mais de 10 mil pessoas. Na comunidade Moyray, a maioria é contemplada com o auxílio de programas sociais do Governo Federal, como o Benefício de Prestação Continuada e ações de complementação de renda.
Ananda e o marido fazem parte desse grupo. Eles recebem recursos do Bolsa Família, programa que dará espaço para o Auxílio Brasil. No período da pandemia da Covid-19, o casal também contou com o Auxílio Emergencial.
“Fica difícil conseguir alimentação na época da seca. A gente gasta boa parte dos ganhos para pagar transporte e chegar a Autazes”, conta a indígena. “O meu marido não tem emprego formal. Esses benefícios ajudam muito o nosso povo, principalmente para comprar coisas básicas, como alimentos e remédios”, contou Ananda.
Os Mura são conhecidos como um povo navegante, com ampla mobilidade e conhecedores dos caminhos entre igarapés, ilhas e lagos. A presença deles nos rios da região amazônica é documentada desde o século XVIII.
Os indígenas apoiados pela União fazem parte dos 14,6 milhões de famílias que vão receber, a partir do dia 17 de novembro, o pagamento do Auxílio Brasil, novo programa social permanente do Governo Federal.
O Auxílio Brasil congrega políticas de transferência de renda e emancipação socioeconômica. Todas as pessoas já cadastradas recebem o benefício automaticamente, seguindo o calendário habitual do Bolsa Família.
“Nossa meta é zerar a fila de pessoas que aguardavam a entrada no programa e chegar a quase 17 milhões de contemplados no Auxílio Brasil”, explicou o ministro da Cidadania, João Roma.
“O Auxílio Brasil é dizer que o Bolsa Família agora alcança mais, que melhorou. Quem já era do programa continua. Ninguém está perdendo nada, mas ganhando, porque agora este governo reconhece que as pessoas querem trabalhar e evoluir na vida”, completou a secretária Nacional de Assistência Social do Ministério da Cidadania, Maria Yvelônia.
Reforço nutricional
Eliana Pacheco, de 39 anos, tem cinco filhos, o mais novo com dez meses e o mais velho com 18. Também moradora da aldeia, ela conta que o suporte financeiro do Auxílio Brasil garante a nutrição da família. Casada com Raimundo Nonato, 41 anos, ela registra a dificuldade de encontrar empregos formais na região.
“A gente trabalha nas roças e é difícil ter trabalho aqui. Quando tem, é pouco. Muitas vezes a gente não ganha o salário necessário para sustentar toda a família. Por isso, com a ajuda do Auxílio Brasil, compramos os alimentos necessários em casa”, contou Eliana.
Neste mês de novembro, o valor médio do novo programa social será corrigido em 17,84%. Em dezembro, a estimativa do Governo Federal é pagar um complemento que deve garantir a cada família, até dezembro de 2022, o recebimento de pelo menos R$ 400 mensais.
“O Auxílio Brasil vai fazer muita diferença na nossa vida. Aqui existe dificuldade até para cozinhar. O dinheiro ajuda no gás, no açúcar e no café, e garante a comida dos meus filhos”, finalizou Eliana.
Conteúdo e foto: Ministério da Cidadania