outubro 11, 2024 13:20

Em sabatina do JN, Bolsonaro diz que aceitará resultado das urnas

As polêmicas do governo Bolsonaro (PL) foram abordadas na primeira sabatina do Jornal Nacional nesta segunda-feira, 22. Com um bloco de 40 minutos, os jornalistas William Bonner e Renata Vasconcellos fizeram perguntas sobre temas como os ataques ao Supremo Tribunal Federal (STF), Fake News, pandemia, inflação, desmatamento, relacionamento com o chamado ‘centrão’, escândalos no Ministério de Educação (MEC), corrupção e interferência na Polícia Federal. O presidente tinha uma ‘cola’ nas mãos com os dizeres “Nicarágua, Argentina, Colômbia, Dário Masser”, este último um doleiro. 

A primeira pergunta foi relacionada aos xingamentos feitos pelos presidente aos Ministros do STF. “Primeiro, você não está falando a verdade quando fala xingar ministro. Isso não existe. É uma Fake News da sua parte. Quero transparência nas eleições. Vocês, com certeza, não leram o inquérito de 2018, da Polícia Federal, que está inconcluso. Se você pode botar uma tranca a mais na sua casa para evitar que ela seja assaltada, você vai fazer ou não? Esse é o objetivo disso que eu tenho falado sobre o Tribunal Superior Eleitoral (TSE)”, respondeu Bolsonaro. “O senhor começou a sua resposta afirmando que eu tinha cometido Fake News. Em nome da verdade, candidato, o senhor xingou o ministro do Supremo de ‘canalha’.”, rebateu Bonner. “Ele vinha fazendo isso contra mim”, retrucou Bolsonaro. 

Esse foi o primeiro desentendimento entre o presidente e os apresentadores. O chefe do Executivo Federal alterou-se em alguns momentos da entrevista. Apesar da polêmica envolvendo o Sistema Eleitoral, Bolsonaro prometeu que as Eleições irão acontecer normalmente. Ele citou o clima amistoso na posse de Alexandre de Moraes no TSE e também relativizou as manifestações de apoiadores contra algumas estruturas do Estado (entre elas, fechar o Congresso Nacional) como “parte da democracia”.

“Serão respeitados os resultados das urnas desde que as eleições sejam limpas e transparentes”, prometeu Bolsonaro, pedindo um ponto final no assunto. 

Pandemia

A próxima pergunta foi sobre a pandemia. Renata Vasconcellos abordou o desestímulo à vacinação por parte de Bolsonaro, as falas polêmicas sobre as vítimas da Covid e sobre o estímulo ao tratamento ineficaz, o chamado ‘tratamento precoce’. 

“Nós compramos mais de 500 milhões de doses de vacina. Só não se vacinou quem não quis. Foi em tempo bem mais rápido do que em outros países porque não tinha. Fizemos nossa parte. O grande erro foi o trabalho forte da grande mídia, entre eles, a Globo, desestimulando os médicos a prescreverem o tratamento precoce”, criticou Bolsonaro. 

Vasconcellos relembrou as polêmicas relacionadas à vacina, incluindo a demora em comprar vacinas. O presidente falou que a polêmica fala do “jacaré” foi uma “brincadeira” e um “uso da literatura portuguesa”. Bolsonaro também criticou  o lockdown, falando que prejudicou a economia e que as pessoas se contaminavam mais em casa do que na rua. 

Vasconcellos voltou a insistir nas perguntas, visto que o candidato não respondeu, ele se irritou, levantou a voz e falou dos programas sociais. Também chamou de “CPI do Circo” a “CPI da Covid” realizada ano passado.  No final, ele lamentou as mortes e falou que a Covid não deveria ser tratada da forma que foi tratada. 

Bonner relembrou que o presidente não respondeu a pergunta de Renata Vasconcellos e após o presidente se mostrar irredutível, o jornalista fez uma pergunta sobre a economia. 

Bolsonaro contou que as promessas de reestruturação econômica foram frustradas pela pandemia, a seca e a guerra na Ucrânia e que isso ficará para um segundo mandato. Ele também ressaltou as ações do seu Governo, falou sobre a redução do IPI e sobre o país ser tecnológico. 

O presidente também falou que tentou fazer a regularização fundiária no país, mas que não houve colaboração na Câmara Federal. Ele comparou os incêndios na Europa com as do Brasil e disse que, além das queimadas criminosas, os ribeirinhos também queimam a floresta. Ele também comentou as polêmicas do Ibama falando que há abusos cometidos pelo órgão fiscalizador. Bolsonaro disse que o Brasil será um grande produtor de hidrogênio verde e ressaltou que o país é um exemplo para o mundo em preservação de área verde. 

Centrão

Bonner trouxe à tona as críticas feitas por Bolsonaro ao Centrão em 2018 e que, atualmente, o centrão é responsável por ser grande base do Governo Federal.

“Você está me estimulando a ser ditador”, rebateu Bolsonaro. “Eu, candidato?”, questionou Bonner. “O centrão tem mais de 300 parlamentares. Se eu deixar eles de lado, eu vou governar com quem? Eu tenho que governar com o Parlamento. Então, você está me estimulando a ser um ditador”, explicou. 

Bolsonaro relatou sobre a dificuldade de conversar com representantes dos partidos de esquerda, sobre a aprovação do Auxílio Brasil, a votação dos precatórios e atacou o Partido dos Trabalhadores (PT) e seus representantes. O presidente disse que não existiu polêmica no Ministério de Educação (MEC), atacou o ex-ministro Sérgio Moro e negou qualquer interferência na Polícia Federal. 

“Peguei o Brasil numa situação crítica. Começamos a trabalhar, fizemos muitas reformas. Infelizmente tivemos a Covid, a seca e uma guerra lá fora. Fizemos todo o possível para a população brasileira sofrer o menos possível. Hoje você nota que o preço do combustível caiu assustadoramente, nada de canetada, é um trabalho nosso junto ao Parlamento. Conseguimos R$ 600 de Auxílio Brasil para 20 milhões de pessoas mais pobres. Conseguimos a transposição do São Francisco que estava parado desde 2012, levando água para o nordeste. Nós pacificamos o MST titulando terras pelo Brasil e 90% foram para mulheres. Criamos o Pix, tiramos dinheiro de banqueiros, fazendo com que a população pudesse se tornar empresária. Um pix sem qualquer taxação. Anistiamos 99% da dívida de 1 milhão de jovens junto ao Fies”, disse Bolsonaro no discurso final.

O sabatinado desta terça-feira do Jornal Nacional será Ciro Gomes (PDT).

 

Priscila Rosas, para Portal O Poder

Foto: Reprodução

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