A empresária Criselidea Bezerra de Moraes, atual dona da empresa Norte Serviços Médicos, usou a prerrogativa constitucional de permanecer em silêncio e não respondeu às perguntas realizadas pela CPI da Saúde, na reunião desta quarta-feira, 22.
Alegando estar passando mal com o aumento de sua pressão arterial e, amparada por sua enfermeira, que solicitou o encerramento do depoimento, o presidente da CPI, deputado Péricles (PSL), encerrou a oitiva com menos de 15 minutos.
Nesta quinta-feira, 23, a comissão vai ouvir o ex-proprietário da Norte Serviços Médicos, Vitor Vinícius Souto dos Santos, a partir das 15h.
Péricles afirmou durante a oitiva que a falta de conhecimento da proprietária Criselidea Moraes sobre a empresa Norte Serviços Médicos demonstra que ela é “laranja”, e que ela pode estar sendo usada por terceiros.
“Na verdade, nós percebemos que ela não tem conhecimentos da empresa, do funcionamento e nós dissemos vítima porque ela está sendo usada por outras pessoas que são os proprietários da empresa que repito faturam quase R$ 25 milhões do Estado nos últimos três anos fazendo diversos serviços. Amanhã nós apresentaremos mais um serviço com fortes indícios de irregularidades prestados por essa empresa”, afirmou.
De acordo com Péricles a CPI da Saúde já está investigando governos anteriores a partir de 2017. “Estamos investigando e estamos em anos anteriores de 2018 e 2017 e essa é apenas uma empresa que presta esse tipo de serviço por processo indenizatório temos muito mais, outras empresas que fazem o mesmo tipo de serviço com as mesmas irregularidades”, disse.
Ao ser questionada sobre quanto tempo fazia que ela havia comprado a empresa por R$ 5 milhões, de Vitor Vinicius Souto dos Santos, a empresaria Criselidea se limitou a dizer “já faz bastante tempo”, sem confirmar data.
Num depoimento confuso e palavras sem lógica, Criselidea não sabia responder nem onde seria o endereço da “sua empresa” Norte Serviços Médicos.
De acordo com as investigações da comissão, a Norte Serviços Médicos afirma ter lavado quatro toneladas de roupas no período da pandemia para o Hospital de Campanha Nilton Lins em 13 dias, quando apenas quatro pacientes estavam internados. As investigações apontam que no período de três anos a empresa faturou quase R$ 25 milhões do governo do Estado.
Pacientes
Ainda na reunião da CPI, o deputado Wilker Barreto (Podemos) aprovou requerimento em que solicita que a Secretaria de Estado da Saúde (Susam) forneça a relação de todos os pacientes atendidos pelo Hospital de Campanha Nilton Lins.
Único representante da base governista na comissão, o deputado Dr. Gomes (PSC) questionou o colega Wilker em relação a este requerimento que cobra explicações sobre o atendimento dos 388 pacientes no Hospital de Campanha Nilton Lins no período da pandemia. A Susam sustenta que foram 1,8 mil pacientes atendidos na unidade hospitalar.
“Ainda não é hora do requerimento deputado Wilker que precisa ter paciência. Todo paciente que dá entrada hoje com Covid precisa fazer raio-x de tórax você já tem 400 raio-x. Precisa fazer tomografia de tórax é imprudência não fazer. Ai já dá 800 exames. Quando o paciente está saindo da UTI precisa fazer outro raio-x é responsabilidade do hospital só liberar depois desse exame que ai já dá 1.200 exames. Não estou aqui defendendo empresa e nem quem fez o raio-x, mas como médico quero ajudar para que não se cometa precipitação. Está correta os 1.200 exames para 400 pacientes”, concluiu o deputado.
Augusto Costa, para O Poder
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