O retorno gradual das aulas presenciais das escolas públicas da rede estadual de ensino em Manaus, agendadas para a próxima segunda-feira, 10, está no centro de uma polêmica e gerando dúvidas entre pais, alunos e mesmos os educadores que prestam serviço para o Estado.
Uma das discussões é sobre a viabilidade da reabertura das escolas e as críticas levantadas por entidades que representam a categoria de professores no Estado sobre a possibilidade de uma nova onda de infecção pelo Coronavírus (Covid-19).
Mas, segundo o governo do Amazonas, por meio da Secretaria de Estado da Educação e Desporto (Seduc), esse retorno está avalizado em uma pesquisa on-line, feita no final de julho, em que mostra que 97,14% dos professores da rede pública estadual de ensino, que lecionam na capital, aprovam a volta às aulas no regime híbrido.
De acordo com a Seduc, ao todo, 82,5 mil pessoas de todo o Estado, entre professores, pedagogos, gestores, administrativos, pais e responsáveis responderam aos questionários on-line da pesquisa. “Entre os professores que responderam a pesquisa, também prevaleceu a divisão dos alunos em dois grupos, com 55,14% como a opção mais selecionada para a volta às aulas na capital”, disse o secretário da Educação, Luís Fabian.
Este retorno híbrido também foi validado por 97,69% dos gestores de escolas, 97% dos pedagogos e 82% dos pais e responsáveis, acrescentou o secretário da Seduc. Ele acrescentou que esse estudo tem índice de confiança de 95%, de acordo com o Departamento de Estatística da Secretaria de Educação.
“Cerca de 23% dos professores da rede privada também são professores da rede pública. Lá eles já iniciaram as atividades, que estão ocorrendo de maneira absolutamente normal, sem ter uma notificação de Covid-19 no ambiente escolar. Estamos, portanto, prontos para iniciar as nossas atividades, garantindo a proteção dos nossos alunos com uma série de protocolos que precisam ser seguidos”, ressaltou Fabian.
Aval da FVS
O retorno das aulas presenciais também está validada com dados técnicos da Fundação de Vigilância em Saúde (FVS-AM), em que apresenta que, desde o dia 1º de junho foi constatada uma queda e uma estabilização dos números do novo coronavírus em Manaus.
Mas, de acordo com o secretário, para que as aulas do ensino estadual retornassem, o governo teve que realizar diversos investimentos, em torno de R$ 10 milhões, na aquisição de materiais e insumos para a prevenção e combate ao coronavírus no ambiente escolar.
“Desse recurso, cerca de R$ 8,5 milhões estão sendo destinados para aquisição de 1 milhão de máscaras de pano, EPIs, álcool em gel 70% e tapetes sanitizantes, dentre outros itens. Mais de R$ 1,3 milhão está destinado à adequação da infraestrutura nas escolas da rede estadual, com a instalação de pias e ajustes das instalações hidráulicas”, disse o Luis Fabian.
Escolas rede privada de ensino
Luis Fabian disse que fora esses dados, também foi levado em consideração o comportamento do novo coronavírus após a retomada das aulas da rede privada em Manaus, há aproximadamente um mês. A rede privada de ensino retomou as atividades no último dia 6 de julho, obedecendo os protocolos de segurança da Organização Mundial da Saúde (OMS) e Ministério da Saúde (MS).
De acordo com o Sindicato dos Estabelecimentos de Ensino Privado do Estado do Amazonas (Sinepe-AM), cerca de 70% das instituições de ensino privado retornaram as atividades presenciais e, este retorno, foi marcado pela tranquilidade devido à adesão de protocolos de higienização, sistema de rodízio e ensino híbrido, após alinhamento com os órgãos governamentais e seguindo o que preconiza a OMS.
Informe da FVS, após um mês da volta às aulas presenciais, mostra que não houve registro algum de caso de coronavírus na comunidade escolar, seja em alunos, professores ou funcionários das escolas.
Aliado a esses fatos e à aquisição dos itens e dos ajustes infraestruturais nas unidades de ensino, a Secretaria de Educação elaborou, também, um Plano de Retorno às Atividades Presenciais na capital.
Os primeiros a retornarem conforme a Seduc – no dia 10 de agosto – são os estudantes do Ensino Médio regular e da modalidade de Educação de Jovens e Adultos (EJA). “No dia 24 de agosto, retornam os alunos do Ensino Fundamental (anos iniciais e finais). Ainda não há previsão para retorno das aulas no interior do Estado”, destacou o secretário.
Já retornaram
Além do Amazonas, outros nove Estados brasileiros retomaram atividades em escolas particulares. Entre eles, o Distrito Federal, Acre, Pará, Maranhão, Piauí, Rio Grande do Norte, Alagoas, São Paulo, Paraná e Rio Grande do Sul.
Dieese
O Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos (Dieese) divulgou nota técnica no último dia 23 de julho em que alerta para os riscos do retorno das atividades escolares presenciais enquanto as infecções do coronavírus seguem fora de controle no Brasil.
O estudo reúne uma série de dados que mostram o tamanho da população que será diretamente impactada e estará sob maior risco de contaminação retomada das atividades acadêmicas em sala de aula.
Segundo o documento, a suspensão das aulas é uma medida que tem respaldo de órgãos internacionais de defesa da saúde. Para o Dieese o planejamento de ações contra a Covid-19 não pode colocar a perder os esforços realizados até o momento.
Henderson Martins, para O Poder
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