Manaus pode ser a próxima cidade a sofrer com a crise energética que levou ao apagão na cidade de Macapá e mais 13 municípios do Estado do Amapá e que já dura 17 dias. O alerta foi feito nesta quinta-feira, 19, pelo deputado Serafim Corrêa (PSB), que criticou a falta de manutenção da Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel) no linhão de Tucuruí, que abastece vários Estados da região Norte, durante a sessão híbrida da Assembleia Legislativa do Estado do Amazonas (Aleam).
“A minha fala de hoje é sobre a crise que vive o Amapá. Há 17 dias aquele Estado está sem energia elétrica. Se isso tivesse acontecido no Rio de Janeiro, São Paulo ou em Brasília, já tinham dado um jeito. Mas como é no Amapá, como é na Amazônia, ninguém liga pra nada”, lamentou.
Serafim cobrou que a bancada federal do Amazonas comece a agir para evitar que futuramente Manaus seja penalizada por uma crise energética que vai prejudicar a população e o Polo Industrial de Manaus.
“Ouso dizer que se providências não forem tomadas de imediato corremos o risco de dizer: Amapá, eu sou você amanhã. É preciso agir, porque depois que estoura leva tempo para consertar. O presidente do Senado, David Alcolumbre, está lá se mexendo de todo jeito há 17 dias e não conseguiu resolver o problema. Até a eleição foi adiada. A eleição será realizada no dia 6 de dezembro, o primeiro turno, e no dia 20 de dezembro, o segundo turno”, relembrou.
O deputado chamou a atenção dos colegas para o sofrimento da população amapaense neste período de apagão. “Imaginem como estará essa cidade daqui até lá. Sofrimento do povo sem energia, perdendo alimentos e as pessoas morrendo nos hospitais com a falta de energia. Denuncio esse fato e manifesto a minha solidariedade ao povo do Amapá”, afirmou.
De acordo com o deputado, a empresa de energia no Amapá é privada da Espanha, e que está em recuperação judicial que levou 11 meses para fazer a manutenção de um transformador e que como não foi concluída a manutenção o transformador explodiu.
“Tem duas coisas que são de responsabilidade do poder público a primeira e a regulamentação e a segunda a fiscalização. Isso é responsabilidade da Aneel que é tão rápida para aumentar a tarifa de energia não foi rápida para ver que nós tínhamos ali bem próximo caos que foi o que acabou acontecendo. O povo do Amapá merece Povo do Amapá merece a solidariedade de todos nós, da Amazônia para um todo, porque o tratamento que ele nos dá é bem diferente do tratamento que ele dá para o Sul”, criticou.
Durante o seu pronunciamento, Serafim mostrou um mapa, com a passagem das subestações das linhas de transmissão de Tucuruí e alertou que se as autoridades competentes não tomarem providências, o Amazonas pode ser o próximo a ficar no escuro dentro de alguns anos.
“Essa linha em vermelho traz a energia da hidrelétrica de Tucuruí, atravessa Rio Amazonas e sai uma linha para a direita que leva energia para o Amapá. Uma outra linha para a esquerda, que já chegou a Manaus e que espera levar até Roraima, mas por uma questão não resolvida envolvendo indígenas essa linha de transmissão não avançou. Da mesma forma que explodiu o transformador que vai de Tucuruí para Macapá, e de lá para todo o estado do Amapá, poderia ter explodido a outra vai para a esquerda. Aí seríamos nós, seria Manaus que estaria completamente às escuras”, alertou.
Sinésio quer nova matriz energética
Na esteira do colega, o presidente da Comissão de Geodiversidades, Recursos Hídricos, Minas, Gás, Energia e Saneamento, deputado Sinésio Campos (PT) falou que esse tema da energia elétrica na região Amazônica já foi abordado em audiência pública na Aleam.
“Esse caso da energia que hoje se transformou em caos no Amapá tratamos essa matéria aqui no Amazonas no plenário da Aleam no ano passado e fizemos esse debate também no Amapá em Rondônia, em toda a Amazônia legal onde passa o linhão de Tucuruí”, enfatizou.
Sinésio afirmou que já apresentou PEC (Proposta de Emenda Constitucional) que trata da política energética mudando a redação da Constituição Estadual.
“Eu entendo que o Amazonas, os Estados da Amazônia brasileira temos que ter uma política energética estadual. Houve a privatização da Amazonas Energia o que foi que houve nos municípios o caso de Iranduba, Mancapuru, Itacoatiara, ficaram ligados somente ao linhão, vocês viram quando rompeu o cabo subaquático de Iranduba? Isso (apagão) já aconteceu aqui no Amazonas. Eu sempre fui a favor que as termoelétricas destes municípios não fossem desmontadas”, avaliou.
O deputado defendeu uma nova matriz energética a base do gás para atrair novas empresas para o Amazonas e desenvolver o polo de cerâmica em Iranduba e Manacapuru.
“Temos o polo industrial e vocês já presenciaram esse ano vários apagões. Fiz esse alerta há dois anos e não foram tomadas providências. Foi feito vistas grossas e o governo federal e estadual não tomaram providências. Temos que usar o gás nas termoelétricas. Em Manacapuru e Iranduba temos que ter o polo cerâmico”, concluiu.
Augusto Costa, para O Poder
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