O presidente da Comissão de Obras da Câmara Municipal de Manaus (CMM), vereador Sassá da Construção Civil (PT), denunciou nesta segunda-feira, 10, durante o pequeno expediente, que está recebendo ameaças de morte em seu telefone por fiscalizar e denunciar irregularidades nas empresas clandestinas de construção em Manaus. Segundo o parlamentar, 70% das empresas não cumprem os acordos trabalhistas, além de não fornecerem equipamentos de segurança para os operários.
“Em pleno Dia das Mães, recebi uma ameaça de morte e até troquei o meu número do celular porque estou fazendo blitz e mexendo com os cofres dos caras que ganham R$ 10 milhões. Se nós começarmos a fazer um trabalho sério, esses empresários vão baixar os custos deles porque estão esquecendo o trabalhador. Eles ameaçaram pegar a minha família porque estou denunciando. Eu não vou calar a boca aqui na tribuna, eu tenho o apoio dessa Casa, da população e dos trabalhadores”, afirmou.
Sassá afirmou, ainda, que na semana passada a comissão da CMM fez uma blitz juntamente com o Sindicato da Construção Civil e comprovou várias irregularidades em obras clandestinas de Manaus. “As empresas pegam o contrato da obra em cima da convenção coletiva do Sindicato, que diz que vai dar cesta básica, plano de saúde, vale-transporte e outros benefícios. Mas, 70% das empresas não estão cumprindo. Não dão fardamento, botas, cinto de segurança, nada. E isso é considerado obra clandestina. Alguns empresários usam a pandemia para massacrar o trabalhador”, alfinetou.
Redução de salários
Sassá também denunciou que alguns empresários estão reduzindo o salários dos trabalhadores da construção civil sem diminuir a carga de trabalho, como determina decreto do governo federal. “O operário trabalha das 7h ás 17h, o salário do servente de pedreiro é de R$ 1.132. Agora, com um decreto do governo federal, eles estão ganhando R$ 600, mas continua a mesma carga horária. Manaus tem 120 obras no momento e 70% são clandestinas”, denunciou.
O vereador afirmou que vai apresentar a denúncia aos ministérios públicos do Amazonas (MPAM) e Federal (MPF). “É um trabalho escravo. A população trabalha porque precisa e tem que ter os seus direitos. Um trabalhador sai de casa às 5h e receber R$ 30 uma diária, sem carteira assinada, sem cinto de segurança, é um absurdo. Dois trabalhadores morreram na semana passada e os órgãos têm que se mexer. Isso não pode acontecer em Manaus”, ressaltou.
Augusto Costa, para O Poder
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Edição e Revisão: Alyne Araújo e Henderson Martins