novembro 22, 2024 23:13

Parlamentares do AM acreditam que política local precisa de mais representatividade feminina

Apesar dos avanços e conquistas das mulheres ao longo da história nas áreas econômica e política e no mercado de trabalho, o Dia Internacional da Mulher, celebrado nesta terça-feira, 8, ainda apresenta desafios. Um dos exemplos, é a representatividade feminina na política do Brasil.

No país, 52% do eleitorado é composto por mulheres. Mesmo assim, a participação do público feminino nas casas legislativas ainda é pequena.

A presidente da Comissão de Educação da Assembleia Legislativa do Amazonas (Aleam), deputada estadual Therezinha Ruiz (PSDB), avalia o Dia Internacional da Mulher como um momento de reflexão e alerta. “Sei que temos o que comemorar. A oportunidade que tenho hoje, como mulher, professora e mãe, de representar o povo do Amazonas no parlamento veio de importantes mudanças que foram conquistadas ao longo do tempo. Mas é preciso avançar em diversas frentes, como o combate à violência contra a mulher e o acesso às informações e tratamentos de saúde específicos”, afirmou.

A parlamentar ainda lamentou o aumento dos casos de violência contra a mulher em todo o Brasil durante a pandemia da Covid-19. “Temos registros tristes do aumento da violência contra a mulher durante a pandemia de Covid-19. É preciso avançarmos nos mecanismos e ações públicas de combate à violência. Também é preciso avançar na representatividade feminina na política. Houve um aumento relativo de 7,1% no número de mulheres candidatas no pleito passado, no Brasil. Aqui no Amazonas ainda somos poucas na política, que acaba sendo vista como um ambiente hostil, mas acredito que esse número tende a crescer”, ressaltou.

Avanço na magistratura

A vice-presidente do Tribunal de Justiça do Amazonas (TJAM), desembargadora Carla Reis, acredita que as mulheres têm muito o que comemorar por conta das conquistas femininas e do avanço na representatividade na magistratura. “Avançamos na magistratura pelas instituições do Poder Judiciário juntamente com o Ministério Público do Amazonas e a Defensoria Pública. Durante a pandemia, os índices em relação à violência contra a mulher foram alarmantes com muitos casos de feminicídio. Com relação à representatividade das mulheres na magistratura, avançamos. O último concurso público na carreira da magistratura registrou um aumento significativo com a entrada de magistradas e quem alcançou o primeiro lugar no certame foi uma mulher. Mas, precisamos avançar ainda mais. Precisamos de mais mulheres na carreira da magistratura”, destacou.

Política profissional

Na avaliação da ex-deputada federal e empresária, Rebecca Garcia, no Dia Internacional da Mulher há muito o que comemorar. Embora reconheça que às mulheres ainda têm um longo caminho a percorrer e continuar lutando por mais oportunidades, igualdade e representatividade, a história feminina é de grande valor.

“Quando observamos a história da mulher na sociedade enxergamos conquistas significativas no espaço de trabalho, o voto, o ser votada, a legislação que avançou e resguarda direitos, entre outros exemplos. Contudo, quando pinçamos o momento atual, enxergamos uma tentativa clara de desqualificar a mulher na sociedade em toda a sua representatividade e fazer com que percamos esse espaço de poder conquistado durante toda a história da humanidade por mulheres de grande valor”, alfinetou.

Rebecca afirmou, ainda, que a representatividade feminina está muito aquém do ideal. “Em uma sociedade onde as mulheres são maioria, os parlamentos deveriam refletir esses números, assim como os cargos majoritários”, ressaltou.

Ao relembrar sua trajetória política como deputada federal, secretária de Governo, titular da Suframa, além de concorrer a cargos majoritários, Rebecca afirmou que, apesar de ter ocupado os cargos com orgulho, não é uma política profissional.

“Concorri a cargos majoritários, todos os papéis exerci com grande orgulho e gratidão, mas não sou política profissional, tenho carreira e projetos em plena execução. Não se pode parar tudo a cada dois anos. Há uma grande diferença entre desistir e enxergar que em determinados momentos não vale a pena, além do que, não preciso de mandato para defender o Amazonas, esse trabalho farei sempre de maneira voluntária. Uma característica forte das mulheres é defender sem contrapartidas aquilo que acreditamos. Feliz 8 de março para todas as mulheres do nosso Estado”, declarou.

Avanços 

Já a ex-senadora Vanessa Grazziotin (PCdoB), provável pré-candidata a deputada federal na eleição deste ano, as mulheres devem, sim, comemorar o Dia Internacional da Mulher, pois, historicamente, houve avanços e conquistas, além da formulação de políticas públicas.

“Temos avançado nas politicas públicas que visam o combate à discriminação e a violência contra as mulheres, mas nós temos ainda muito a conquistar. Basta olhar os indicadores sociais e ver que as mulheres, mesmo com uma formação maior que os homens, ainda recebem em torno de 25% a menos no trabalho. Não ocupamos os postos de chefia no mercado de trabalho e politicamente estamos subrepresentadas no parlamento. Apesar de sermos 52% do eleitorado, ainda ocupamos 15% das cadeiras do parlamento. A nossa luta é para que exista equidade de gênero e representação”, afirmou.

Vanessa reconheceu que quando foi senadora houve avanços na legislatura política em favor das mulheres. “Temos a cota obrigatória de 30% de candidaturas femininas e o acesso aos recursos na mesma proporção do fundo eleitoral e da propaganda eleitoral. Entretanto, nós queremos mais, com reservas de vagas que garantam uma representatividade maior para as mulheres. Deverei, sim, ser candidata a deputada federal até pelo momento que vivemos, e vamos lutar muito para o Lula voltar à presidência do Brasil, para ser o nosso candidato, mas ele precisa de uma bancada firme”, ressaltou.

 

 

Augusto Costa, para O Poder

Foto: Divulgação

Edição e Revisão: Alyne Araújo e Henderson Martins

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