dezembro 26, 2024 21:56

Campanha de Bolsonaro é vista por analistas como ‘arriscada’ e pode acirrar a divisão no país

A campanha do presidente Jair Bolsonar (sem partido), em incentivar que os brasileiros retomem suas atividades na mais completa normalidade, mesmo com os índices crescentes de casos de coronavírus (Covid-19) no Brasil, poderá mostrar duas perspectivas completamente diferente para o país. Para alguns, a campanha divide ainda mais a Nação brasileira, para outros, o presidente pode arriscar tudo com uma única “cartada” que não se sabe ao certo qual será o resultado final.

Para o advogado e cientista político Carlos Santiago, é bastante claro que o país está dividido, que existem muitos conflitos no país e que a campanha publicitária do governo federal não busca unir o país, mas, dividir ainda mais. “O Brasil de hoje vive um conflito de políticos e gestores em busca de poder e protagonismo, mas, esquecendo da unidade e do crescimento social e econômico do país”, disse o especialista.

Santiago explicou que os anos de 2011 a 2020 representarão o período em que a economia não cresceu, mas, cresceu a desigualdade, o número de brasileiros na pobreza, as agressões contra as mulheres, aumentou o desemprego, os acidentes de trânsito, um colapso dos serviços públicos. “Isso é muito demostrado nos índices de saúde, educação e mobilidade urbana”, ressaltou o cientista político.

Ele disse, ainda, que nesta década já aconteceu inúmeras experiências políticas, de Direita, Esquerda e Centro. “Já aconteceram experiências administrativas do ‘lulismo’, ‘emedebismo’ e ‘bolsonarismo’, mas, nem por isso, o país cresceu ou desenvolveu. Então, essa década será considerada a pior década da história econômica, política e social do Brasil, incorporada por escolhas de gestores que estão fazendo do Brasil um país sem futuro.”

Para o executivo do portal O Poder, Eric Barbosa, no momento ainda não se pode dizer o que vai acontecer em relação às medidas adotadas pelos governos estaduais e o federal, em relação a contenção do Coronvírus e alternativas para manutenção da economia no país.

Por um lado, vários governadores optaram por manter a quarentena de isolamento, já o presidente Jair Bolsonaro vem incentivando a retomada das atividades em sua normalidade, apenas isolando o grupo de risco.

“Não conseguimos avaliar se a cartada do presidente Bolsonaro foi certa ou errada. Tudo vai depender dos números epidemiológicos, casos novos e óbitos futuros no nosso país. Se, as pessoas voltarem à rotina normal, como já está começando acontecer, e o Brasil voltar ao normal sem repetir os casos alarmantes do Covid-19, como aconteceu na Itália, o presidente vai acertar uma cartada muito boa e poderá sair fortalecido”, destacou Barbosa.

Entretanto, segundo avaliação do empresário, se o país voltar a ter casos alarmantes, o presidente estará dando uma cartada muito errada. Segundo ele, os dados epidemiológicos vão dizer qual o impacto das tomadas de decisões no país.

Força de braço

Sem citar a propagada do presidente Bolsonaro, o governador Wilson Lima (PSC), afirmou que o Estado vai continuar tomando medidas para evitar que o coronavírus se alastre ainda mais no Amazonas. “Muita gente tem dito que é só isolar os idosos que está resolvido. Mas, as pessoas que estão internadas em estado grave no Hospital Delphina Rinaldi Abdel Aziz, têm entre 30 e 50 anos de idade, então, é um negócio muito grave. Nós estamos trabalhando para salvar a vida das pessoas e por outro lado, estamos acompanhando as questões das atividades econômicas”, ressaltou o governador.

Wilson Lima disse, ainda, que é preciso agir com responsabilidade, que todas as decisões tomadas no Amazonas foram baseadas em determinações da Organização Mundial da Saúde (OMS), do Ministério da Saúde (MS) e orientação dos técnicos de saúde do Amazonas.

Sobre os questionamentos de volta às aulas, o governador disse que ainda não há uma previsão. “As pessoas perguntam o motivo de não voltar às aulas, sendo que o grupo de risco são adolescentes. Só que essas pessoas tem que entender que essas crianças e adolescentes moram com avós, com pais idosos, eu tenho professores, merendeiras, serviços gerais, porteiros e uma serie de pessoas que estão nesse ambiente que estão no grupo de risco. As crianças acabam sendo vetores da doença”, explicou.

Em relação ao decreto da liberação das celebrações nas igrejas, Wilson Lima afirma que o decreto estadual que proíbe a aglomeração de pessoas nas casas religiosas continua valendo, O governador afirmou que conversou com principais lideranças religiosas que entenderam a decisão. “Os templos ficaram abertos, mas, tão somente, para atendimentos específicos. Não para promoção de cultos religiosos”, ressaltou.

 

Henderson Martins, para O Poder

Foto: Agência Brasil

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