novembro 23, 2024 15:35

Livro com conteúdo LGBT nas escolas causa polêmica na CMM

O conteúdo didático de um livro de português utilizado nas escolas e distribuído pelo Programa Nacional de Livros Didáticos (PNLD), que trata da inclusão do tema diversidade sexual e LGBT, foi criticado na sessão plenária desta terça-feira, 25, na Câmara Municipal de Manaus (CMM). O tema gerou polêmica entre a bancada evangélica, que também se posicionou contrária às aulas ministradas a crianças e adolescentes.

O vereador Raiff Matos (DC) apresentou aos colegas o livro do PNLD que, segundo ele, é distribuído para todo o Brasil. “Pasmem. Eles estão tratando de um tema que, sinceramente, não deveria ser tratado na sala de aula. Estão fazendo uma leitura obrigatória sobre notícias e coloca um tema transversal passados para os nossos adolescentes, jovens e crianças, sobre a questão LGBT. Enfim, não deve ser debatido em sala de aula e creio que precisa ser debatido entre os pais responsáveis para ensinar esses temas”, alfinetou.

O vereador afirmou que vai solicitar um abaixo-assinado dos vereadores e da população que será encaminhado ao presidente Jair Bolsonaro (sem partido). Na avaliação do parlamentar, a escola não deve doutrinar o caráter de adolescentes.

“Vou solicitar um abaixo-assinado e mandar para o presidente Jair Bolsonaro, ministros, secretários e Ministério Público porque me deixa indignado a doutrinação que certas militâncias têm feito dentro das escolas. O colégio e o professor devem ensinar Português, Matemática, História e Física e não esses temas transversais que não cabem ao professor ficar ensinando. Isso prejudica a família, o caráter do adolescente, quando ele tiver 18 anos, tudo bem, e escolhe o que ele entender. Mas a escola tem que ensinar o que é correto”, disparou.

Raiff afirmou ainda que o Brasil tem democracia, mas um pequeno grupo que representa uma minoria sobrepõe a vontade da maioria.

Na esteira do colega, o vereador Professor Samuel (PL) afirmou que foi professor, coordenador e gestor escolar, trabalhando com crianças, jovens e adolescentes. “Eu fico refletindo sobre o mundo de hoje e um grupo de pessoas que buscam a destruição daquilo que é mais nobre, que é a dignidade e a moralidade. Isso está acontecendo nas mídias sociais, mas é uma questão descarada você colocar algo em livros didáticos. As famílias decentes orientam seus filhos conforme os princípios normais da família”, ressaltou.

Bancada evangélica reage

O presidente da Frente Parlamentar em Defesa da Família e Valores Cristãos (Fepacri), João Carlos (Republicanos), parabenizou o colega pelo tema importantíssimo para ser tratado.

“A família é a base, sendo assim, o Estado e a escola passam a ser aquele que vem contribuir com a família e não ser o vetor principal. A família é quem vai dar educação e instruir o caráter. Os demais não podem ser os protagonistas na história dessa criança e desse adolescente. Tudo aquilo que ofende, quebra, desmonta a família deve ser observado com muita atenção”, afirmou.

Marcel Alexandre (Podemos) relembrou que, quando assumiu o mandato de vereador pela primeira vez, discursou sobre qual sociedade que os parlamentares queriam para o Brasil em relação à ideologia de gênero. “Nós não sabemos quem e com qual intenção estão passando esse conteúdo. Temos que zelar pelos nossos filhos que passam a maior parte do seu tempo na escola”, enfatizou.

Yomara Lins (PRTB) afirmou que nenhum modismo pode ser mais importante do que a base da maturidade natural de cada idade. “Tenho essa preocupação de saber o que os meus filhos estão estudando porque vejo que o Estado tem a missão de ensinar as matérias curriculares e os pais tem o dever de ensinar os seus princípios. Não podemos inverter os valores. Eu realmente não quero que ninguém ensine aos meus filhos os princípios que eu tenho que ensinar”, questionou.

Thaysa Lippy (PP) defendeu que as crianças estão com o intelecto em formação e ficam a mercê do que a escola vai ensinar, os temas transversais (que atravessam todas as disciplinas). “Preocupa muito o que vai ser inserido na cabeça das crianças aos pouquinhos, sem o preparo do professor. A função do Estado é secundária, a função principal é da família. Então o caráter, a religião, o respeito ao próximo você vai aprender dentro de casa. Não dá para jogar esses temas para o Estado. Hoje vemos de modo geral parlamentares jogando tudo para o Estado e o Estado não em essa função”, disse.

 

 

Augusto Costa, para O Poder

Foto: Divulgação

 

 

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