novembro 24, 2024 10:52

‘Zona Franca de Manaus não é um modelo econômico definitivo’, analisa especialista

Para o sociólogo, analista político e advogado, Carlos Santiago, a Zona Franca de Manaus (ZFM) não é um modelo econômico definitivo para a região. Tampouco as propostas feitas por gestores da esfera municipal, estadual e, até mesmo, a federal apresentaram soluções reais para possibilitar uma alternativa econômica.   

“Foi criada com benefícios fiscais extraordinários e tem, segundo a Constituição Federal, uma data para findar, e até o momento não existe alternativa para o desenvolvimento do Amazonas com o mesmo peso social e de arrecadação financeira para o Estado”, observou.

“Tivemos governos estaduais que lançaram ideias, projetos nas duas gestões e propostas nos períodos eleitorais de substituição ou de adicionar ao modelo ZFM novas formas de produção da economia, inclusive, com enormes promessas de levar o desenvolvimento social e econômico para cidades do interior”, explicou. 

De acordo com Santiago, o Terceiro Ciclo, a Zona Franca Verde, o Amazonas Rural e a distribuição e plantio de novas seringueiras, são exemplos de anúncios de muitos governantes que já passaram pelo Amazonas. Porém, na prática, nada dessas intenções ou projetos de administrações avançaram, servindo tão somente para ganhar eleições ou para manutenção do poder. 

Problemas contínuos 

A insegurança jurídica e política envolvendo o modelo ZFM, a falta de alternativas econômicas para desenvolver o interior do Estado; a BR 319 que continua sem o asfaltamento completo; a falta de portos públicos dignos para a população e para as atividades econômicas; segurança pública precária; o aumento da pobreza  e a corrupção são alguns problemas apresentado pelo sociólogo que continuam sem uma solução.

Em relação a BR 319, Carlos Santiago explica que o asfaltamento completo foi prometido por vários governantes mas nunca saiu do papel e que a defesa do fim do isolamento terrestre no Amazonas com relação ao restante do país é uma pauta antiga. “No entanto, governos de esquerda e de direita foram eleitos; antigos caciques da política e novos políticos com discurso de mudança já governaram o Amazonas, até com narrativas de necessidade urgente de asfaltamento da estrada.  No entanto, a BR 319 encontra-se intrafegável”, lamentou.

Em relação a segurança, o advogado explica que este é um cenário de crescimento exponencial. Ele lembra que existem políticos eleitos com o discurso de melhorar a segurança pública mas que isso não ocorreu.  “Facções de criminosos organizados controlam áreas urbanas e recrutam jovens. A pirataria comandada por ladrões é uma realidade nos rios do Estado. A sociedade anda nos ônibus e nas ruas com medo. Nas campanhas políticas e nos parlamentos estão líderes eleitos por uma segurança pública que não melhorou”, observa. 

Quanto à pobreza, Santiago disse que a situação de vulnerabilidade social continua. “A pandemia alargou a desigualdade e o índice de desempregado e de informalidade econômica, só aumentou”, ressaltou. 

Novas eleições, velhos problemas 

Carlos Santiago chamou a atenção para o cenário político que está se desenrolando por causa das eleições deste ano. O cientista político também lembra os casos de corrupção já ocorridos anteriormente e que podem acontecer. 

“O Amazonas é um Estado com pobres, mas não é um Estado pobre. Não é pobre porque construiu uma ponte cara sobre o Rio Negro, um estádio de futebol gigante e tem uma arrecadação de mais de R$ 25 bilhões”, criticou. “Os casos de corrupção são de conhecimento público. Aconteceram várias operações da Polícia Federal. Processos contra ex-gestores e atuais estão cheios na Justiça Federal e na Justiça Estadual”, comentou. 

Para o especialista, as campanhas políticas são para refletir e entender os problemas do Amazonas, as necessidades da sociedade, os discursos políticos e a importância de votar consciente. 

 

 

Priscila Rosas, para Portal O Poder

Foto: Divulgação 

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