O juiz eleitoral Rafael Rodrigo da Silva Raposo, do Tribunal Regional Eleitoral do Amazonas (TRE-AM), mandou suspender a pesquisa de registro AM-09483/2024, referente ao primeiro estudo realizado pelo Instituto Pontual Pesquisas para a Prefeitura de Manaus, sob pena de multa diária. A decisão é desta quarta-feira, 05.
Em quase 100 dias, a Pontual Pesquisas vem sendo alvo de processos na Justiça Eleitoral do partido Avante e de análises fakes realizadas pelo site RealTime1, em um movimento orquestrado para enfraquecer institutos que realizam levantamentos para a Prefeitura de Manaus.
A pesquisa alvo do processo mostrava o pré-candidato Amom Mandel (Cidadania) com a preferência dos votos dos eleitores manauaras e o atual prefeito, David Almeida (Avante), aparecia em segundo lugar. Ela foi divulgada em março deste ano.
As alegações apontadas pelo Avante no processo já constavam no registro da pesquisa eleitoral, portanto, satisfazia o pleito do partido. Porém, o juiz eleitoral foi induzido ao erro. O Instituto Pontual irá recorrer da decisão.
David Almeida adota judicialização como estratégia política
O ‘modus operandi’ que David Almeida tem adotado é o de tentar censurar, por meio da Justiça, seus críticos toda vez que o cenário é desfavorável a ele. O político processou jornalistas que fazem cobranças à sua gestão e sua pré-candidatura. Outros pré-candidatos, como o presidente da Assembleia Legislativa do Amazonas (Aleam), Roberto Cidade, e o deputado federal Amom Mandel, também foram alvos. Agora, o prefeito parte para cima dos institutos de pesquisas numa tentativa de descredibilizar as pesquisas realizadas na cidade. Esse tipo de ação tem sido criticada nos bastidores políticos por falta de “fair play”, ou seja, ao invés de jogar limpo e fortalecer suas bases para conquistar a preferência do eleitorado, David e sua equipe preferem atacar adversários, institutos e quem faz cobertura política em Manaus.
Dobradinha
O advogado do Avante, Vitor Jose Borghi, aparenta ter uma certa “sintonia” com o site RealTime1. Isso porque onde o analista fake do site informa que pode ter alguma irregularidade, o representante do partido entra com um pedido na Justiça alegando a suposta falha, logo em seguida. É como se o RealTime1 antecipasse e guiasse os passos do advogado, até mesmo nos pedidos de aplicação de multas. Exemplo disso, é que no dia 26 de março, o portal “cantou a pedra” dos movimentos do advogado do Avante e no dia 1º de abril, os pedidos alegados na matéria foram concretizados.
A única pesquisa que o advogado do partido não entrou na Justiça para ter acesso aos dados e, até mesmo barrar a veiculação, foi a da Paraná Pesquisas, que mostrou o prefeito David Almeida à frente da corrida para a Prefeitura de Manaus.
Partidos buscam Justiça para surrupiar dados de pesquisas
Em maio, o site Amazonas Atual denunciou que os institutos de pesquisas sofrem uma perseguição sem precedentes pelos partidos políticos. Tal “fenômeno” começou devido a uma resolução do Tribunal Superior Eleitoral (TSE) que diz que os candidatos, os partidos políticos, as coligações e as federações de partidos poderão ter acesso ao sistema interno de controle, verificação e fiscalização da coleta de dados.
Além de descredibilizar as pesquisas divulgadas, o acesso aos dados torna-se estratégico. Uma vez que o candidato e o staff das campanhas tomam conhecimento de zonas onde tal candidato não é bem avaliado, traça-se uma tática para melhorar o desempenho. Antes da Resolução do TSE, esses planejamento só era feito quando os próprios partidos encomendavam pesquisas de intenções de votos. Ou seja, as agremiações apropriam-se de um conteúdo que não foi pago por eles, por força de um processo na Justiça Eleitoral.
Um novo discurso nasceu nos bastidores políticos: que os institutos, e as pessoas ligadas à eles, fracassaram na tarefa de realizar pesquisas e, por isso, há esse caminho mais fácil. Cabe à Justiça Eleitoral prevenir e brecar ações processuais que apropriam-se de dados de forma sorrateira.
Da Redação
Ilustração: Portal O Poder