O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) reafirmou a posição do Brasil de não reconhecer formalmente os resultados das eleições na Venezuela, que aconteceram no final de julho.
Em entrevista dada nesta quinta-feira 15 à Rádio T, do Paraná, o petista afirmou que o presidente da Venezuela, Nicolás Maduro, “deve uma explicação para o mundo”.
“Ele [Maduro] sabe que está devendo uma explicação para a sociedade, para o mundo. Ele sabe disso”, destacou Lula, que aproveitou para frisar que deseja que “as pessoas respeitem o que acontece” na Venezuela.
O governo do país vizinho já vinha sendo pressionado, especialmente pelos Estados Unidos, por conta das acusações de perseguição a adversários políticos. Logo após o Conselho Nacional Eleitoral (CNE) divulgar o resultado das urnas, as cobranças foram intensificadas, uma vez que as atas das mesas de votação não foram divulgadas.
O cenário tem exigido um esforço diplomático a vários países da região. O Brasil, por exemplo, chegou a assumir as funções diplomáticas da Argentina em Caracas, uma vez que Maduro decidiu expulsar o embaixador argentino do país. Cobranças sobre a divulgação dos detalhes da votação também são feitas por países como Colômbia e México.
No Brasil, o assessor especial da Presidência da República, Celso Amorim, que esteve na Venezuela como observador do pleito, sugeriu, recentemente, que uma nova eleição fosse realizada. Lula tratou da ideia na entrevista de hoje.
“O Maduro tem seis meses de mandato ainda. Se ele tiver bom senso, ele poderia tentar fazer uma conclamação ao povo da Venezuela, quem sabe até convocar novas eleições, estabelecer um critério de participação de todos os candidatos, criar um comitê e eleitoral supra partidário que participe todo mundo e deixar que entre olheiros do mundo inteiro”, disse Lula, que pontuou que não pode “ser precipitado e tomar uma decisão.”
Maduro, por sua vez, mantém firmemente a posição de que não houve irregularidades no pleito. Nas últimas semanas, opositores políticos foram presos na Venezuela. Lula, apoiador de longa data de Maduro, reconheceu hoje que a relação está deteriorada.
“Não é fácil e bom que um presidente de um país dê palpite sobre um presidente a política de outro país. Tenho relação desde quando tomei posse pela primeira vez, e ficou deteriorada porque a situação política lá está ficando deteriorada”, reconheceu.
Inflação, juros e tributos
Na entrevista, Lula voltou a reforçar que é preciso “trazer a taxa de juro para um patamar razoável”. Atualmente, a Selic está em 10,5% e há um horizonte de alta, como reconheceu o diretor de política monetária do Banco Central (BC), Gabriel Galípolo.
“Os médios empresários, os que têm menos poder de tomar dinheiro emprestado lá fora, esses que pagam o preço mais caro, têm a taxa Selic e até um pouco mais. […] Economia não tem loucura, tem bom senso, e eu não quero que a inflação volte”, mencionou o presidente.
Inflação, aliás, que tem sido um tema recorrente para o governo. O Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) de julho, por exemplo, bateu 0,28%, o que fez com que a alta acumulada nos últimos doze meses tenha ficado em 4,5%.
“Temos que ficar atentos aos preços dos alimentos”, reconheceu Lula, que pontuou que tem consciência de “que é preciso ter o alimento barato e isso significa que precisa aumentar o salário das pessoas”. “É preciso que as pessoas cuidem do seu próprio orçamento”, disse Lula.
Ainda sobre a área econômica, o presidente voltou a defender o ministro da Economia, Fernando Haddad, pelo estímulo a políticas de aumento da arrecadação.
“Quando chamam o Haddad de taxador, é porque nós estamos trabalhando na política para fazer taxação dos mais ricos. Estamos propondo no G20, que vai ser em novembro aqui no Brasil, para que o mundo tome uma decisão de taxar os 2% mais ricos da humanidades”, mencionou.
Da Redação com informações de Carta Capital
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