novembro 24, 2024 14:42

‘Não fez nada de diferente da política tradicional’, diz especialista sobre estratégia de Bolsonaro

Passados pouco mais de dois anos após tomar posse e alvo de inúmeras polêmicas, Bolsonaro não fez nada diferente da política tradicional. A afirmação é do analista político e advogado Carlos Santiago.

“Um novo bronzeado e um descanso longo, depois de uma semana de vitórias no Congresso Nacional e do enfraquecimento da ideia de frente partidária anti-bolsonaro, facilitando ainda mais a sua possível reeleição em 2022, num país que passa por grave crise sanitária, econômica e com milhares de pessoas mortas por causa da pandemia do coronavírus”, iniciou.

O especialista segue afirmando que o presidente elegeu seus preferidos para o comando do Congresso Nacional, o que, na sua avaliação, mostra “mais do mesmo”. “Não fez nada de diferente da política tradicional e dos modus operandi dos outros presidentes que passaram pelo Palácio do Planalto”, escreveu.

Para alcançar êxito nas articulações, o presidente usou verba pública, segundo Santiago.  “Usou verbas públicas sem constrangimento para conquistar votos dos congressistas, alimentando a famosa prática do toma lá dá cá, e deixando distante a aceitação de qualquer pedido de Impeachment dele pela Câmara”.

A estratégia fortalece o projeto de Bolsonaro de ser o maior líder maior da nação. “As vitórias no Congresso Nacional têm ainda um sabor de avanço político para consolidar o seu projeto eleitoral e de líder maior da nação. Ao lado do presidente já está uma parcela significativa das igrejas cristãs, em especial as evangélicas, setores importantes da segurança pública e privada, a maioria dos membros das forças armadas, grandes grupos de comunicação como a Record e SBT, grupos poderosos de empresários, governadores de Estado, de prefeitos e de inúmeros brasileiros que cultuam o discurso conservador na administração pública”, escreveu.

“Pelas movimentações políticas da semana que passou, Bolsonaro caminha para montar uma grande aliança eleitoral com a participação dos partidos do Centrão, com apoiadores tradicionais e com novos grupos políticos a partir do oferecimento de cargos na administração federal. Por outro lado, os partidos de oposição diminuem e, os que resistem, não estão conseguindo sequer organizar uma agenda política buscando a unidade”, disse.

O especialista reflete, ainda, sobre a divisão de partidos que poderiam enfrentar Bolsonaro. “O PSDB está dividido. Parte da bancada parlamentar federal e de governadores do partido estão flertando com o presidente, criando inclusive obstáculos para candidatura à presidência de João Dória, governador do estado mais populoso e de maior número de eleitores. O MDB ensaia uma oposição ao governo. Uma postura difícil para um partido que sempre foi governista. O DEM aliou-se de vez com presidente”.

Para Santiago, nem os partidos de esquerda conseguem construir uma candidatura para 2022.  “Nem os partidos de esquerda conseguem uma convergência eleitoral para construir uma candidatura única para o pleito 2022. Nas últimas eleições municipais, não conquistaram números significativos de prefeituras, embora tenham nomes respeitáveis, governadores e prefeitos. Há desgastes eleitorais e divergências sobre estratégias e alianças. Isso acaba facilitando a possível recondução de Bolsonaro ao cargo presidencial, em 2022”.

“O atual contexto político do país indica hoje um Jair Bolsonaro muito fortalecido para 2022. Enquanto os adversários conflitam entre si e estão acuados pela falta de vacinas, pela crescente pobreza e pelos conflitos partidários e de poder, Bolsonaro anda sorridente, caminha sem máscara e dá mergulhos nas águas do mar de Santa Catarina”, finaliza.

 

 

Da Redação O Poder

Foto: Fátima Meira/Futura Press

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