Com uma divida de mais de R$ 11,6 milhões em alugueis atrasados com vários shoppings brasileiros, a Americanas começou a notificar o “calote”, aos seus credores onde tem lojas físicas que até a data do deferimento do pedido de recuperação judicial, em 19 de janeiro, os pagamentos não serão realizados. A empresa alega que o não pagamento acontecesse por conta do efeito de suspensão de cobranças conferido pela recuperação judicial.
Por trás de um dos maiores escândalos financeiros do Brasil, estão os três homens fortes “donos” das Americanas, os empresários cariocas bilionários que são os homens mais ricos do país: Jorge Paulo Lemann, Marcel Herrmann Telles e Carlos Aberto Sucupuira, cujas fortunas somais mais de R$ 185 bilhões.
De acordo com a lista de credores entregue à Justiça do Rio de Janeiro, os dez maiores shoppings credores concentram quase 80% das pendências da Americanas com o setor.
A maior dívida da varejista, de R$ 2,6 milhões, é com o Shopping Pantanal, de Cuiabá (MT), do grupo Ancar. Na sequência vem o shopping Esplanada de Sorocaba (SP), da Iguatemi, cuja pendência da Americanas é de R$ 1,6 milhão.
Se for somada a essa cifra, a pendência de R$ 741 mil com o Shopping Iguatemi de São Paulo, a dívida da Americanas com o grupo soma R$ 2,364 milhões.
Em terceiro lugar no ranking de credores dos shopping está o Grupo AD, com R$ 2,103 milhões a haver, referente aos shoppings Penha (R$ 1,170 milhão), ABC (R$ 660 mil) e Praça da Moça em Diadema, São Paulo (R$ 273 mil).
De acordo com o processo que tramita na Justiça, são cerca de 90 credores de shopping centers. Os valores da lista não estão discriminados pelo tipo de despesas, mas, provavelmente, se referem a aluguéis e condomínios.
O comunicado desta semana sobre o não pagamento dos valores em aberto é assinado pelo coordenador jurídico da Americanas, Bernardo Mesquita Costa. O informe destaca que o eventual pagamento do aluguel até o dia 19 de janeiro “implicaria em prática de favorecimento de credor”.
A Americanas ressalta ainda que os créditos anteriores ao pedido de recuperação estão com sua exigibilidade suspensa. Já os pagamentos cuja competência compreende o período de 20 a 31 de janeiro de 2023 serão realizados ao longo deste mês.
Avaliação da Abrasce
Na avaliação do presidente da Associação Brasileira de Shopping Centers (Abrasce), Glauco Humai, afirmou que o rombo da Americanas serve de alerta para que a indústria de shoppings procure constantemente diversificar o mix de lojistas para diluir os riscos.
“O caso serve de alerta. O setor não pode ficar refém de uma pequena base de varejistas”, disse o presidente, durante entrevista coletiva.
Glauco Humai, acrescentou ainda que está monitorando o caso da Americanas e o impacto potencial sobre o setor e que a varejista ocupa um espaço importante nos shoppings.
Da Redação O Poder
Ilustração: Neto Ribeiro/Portal O Poder