novembro 22, 2024 14:35

Preço do gás de cozinha compromete mais de 9% do salário mínimo

O preço do Gás Liquefeito de Petróleo (GLP) de 13 quilos, ou gás de cozinha, bateu recorde histórico no mês de abril. O botijão de 13 quilos é vendido no Brasil a um valor médio de R$ 113,48, segundo a Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (ANP), representando 9,4% do salário mínimo, o patamar mais elevado desde março de 2007 – quando o botijão custava R$ 33,06 e o salário mínimo era de R$ 350. Em Manaus, alguns estabelecimentos comercializam o produto por até R$ 135.

O valor atingiu a maior média mensal real, descontada a inflação, desde o início da série histórica do levantamento de preços da ANP, iniciada em 2001. O levantamento é do Observatório Social da Petrobras (OSP), organização ligada à Federação Nacional dos Petroleiros (FNP), com base no preço médio mensal do GLP e na média de valores semanais de revenda no mês de abril, divulgados pela ANP.

Os dados mostram que em março passado, o gás de cozinha já tinha alcançado o maior preço médio real da série histórica, sendo vendido a R$ 109,31. Antes disso, o recorde tinha sido registrado em novembro de 2021, com o preço médio de R$ 106,50.

Item essencial para o consumidor, o gás de cozinha já compromete uma boa parte da renda mensal. “Se pararmos bem para analisar, podemos perceber que o gás, por estar bem mais caro hoje em dia, já ocupa boa parcela do salário da família brasileira. É um gasto essencial, ao menos, a cada dois meses, dependendo da quantidade de pessoas na família”, avaliou a economista Bianca Rezende.

Ainda de acordo com a especialista, se antes apenas um membro da família desembolsava o preço total para a compra do botijão de gás, atualmente já é necessário que o valor seja dividido com, ao menos, mais um integrante. Mesmo assim, o valor de R$ 135 ainda fica “pesado”. “Todos os itens de consumo estão com valores mais elevados. Com o gás não seria diferente e a tendência é que este preço possa aumentar até 5% nos próximos meses”, ressaltou.

Lenha

Essa mudança de cenário trouxe um primeiro efeito imediato, que foi o crescimento do uso de lenha pelas famílias brasileiras. “Entre os anos de 2013 e 2016, de acordo com dados da Empresa de Pesquisa Energética (EPE), a população consumia mais GLP do que lenha. Mas a partir de 2017, a lenha voltou a ser mais utilizada do que o gás de cozinha nas residências do País. E, em 2020, esse consumo já era 7% maior do que o de GLP”, afirmou o economista Eric Gil Dantas, do OSP e do Instituto Brasileiro de Estudos Políticos e Sociais (Ibeps).

 

 

Da Redação, com informações do Estadão

Foto: Shutterstock

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