Para combater o assédio eleitoral, o Ministério Público do Trabalho em Santa Catarina (MPT-SC) emitiu recomendação para que a empresa Altenburg, gigante do setor têxtil e maior produtora de travesseiros da América Latina, se abstenha de obrigar ou induzir trabalhadores a direcionar votos para qualquer candidato que seja nas eleições de 30 de outubro.
O MPT-SC recebeu denúncias de que funcionários estavam sendo coagidos a votar em Jair Bolsonaro (PL) para a presidência, sob a ameaça de que a manutenção dos empregos dependia deste resultado.
A recomendação é da Procuradoria do Trabalho da 12ª Região e datada de 10 de outubro. Nela, o órgão reforça que a empresa deve dar ampla divulgação e ressaltar o direito do empregado de escolher livremente “candidatos a cargos eletivos, independente da posição política de seus gestores”.
“Bem como quanto à impossibilidade e ilegalidade de se realizar campanha pró ou contra determinado candidato, coagindo, intimidando, admoestando ou influenciando o voto de seus empregados com abuso de poder diretivo”, diz o documento.
O MPT reforça que o descumprimento poderá caracterizar inobservância de norma pública, podendo resultar em termos de ajuste de conduta e, dependendo da gravidade, em ação judicial e reparação de danos causados. A Altenburg nega o suposto assédio eleitoral.
O sindicato dos trabalhadores da empresa, que tem sede em Blumenau, no Vale do Itajaí, e cerca de 1.700 funcionários, confirmou o teor das denúncias feitas ao Ministério Público.
A entidade relatou pelo menos dez denúncias recebidas e que o discurso de empregos ameaçados em função do resultado eleitoral partiu do próprio presidente da empresa.
“O proprietário da empresa, Ruy Altenburg, parou a fábrica, toda a produção, reuniu os trabalhadores e falou uma série de questões sobre a eleição. Inclusive em demissão, caso o presidente não fosse reeleito, não sabendo o que seria o futuro do país”, relatou Carlos Maske, presidente do Sindicato dos Trabalhadores das Indústrias de Fiação e Tecelagem de Blumenau (Sintrafite).
O líder sindical acrescentou que relatos semelhantes de trabalhadores ocorreram nas eleições de 2018 na Altenburg. Maske reforçou o caráter das denúncias, feitas de forma anônima e garantindo o sigilo dos informantes.
Assédio Eleitoral em Santa Catarina
O MPT informou ainda que até a quinta-feira, 13, recebeu 252 denúncias de assédio
eleitoral de empresas contra funcionários em todo o país, das quais 39 delas em Santa Catarina, o equivalente a 15%.
O assédio eleitoral é crime e ocorre quando um empregador age para coagir, ameaçar ou promete benefícios para que alguém vote em determinado candidato.
Da Redação O Poder, com informações G1
Foto: Divulgação