Nem mesmo a derrota nas eleições gerais de 2022, do ex-governador Amazonino Mendes (Cidadania) que o tirou da disputa do segundo turno ao governo do Estado, no domingo, 2, contra o atual governador Wilson Lima (União Brasil), poderá apagar o legado político de Amazonino Mendes para o Amazonas. Foram mais de 40 anos de dedicação a vida pública e aos 82 anos de idade, sem apoio político nesta eleição, Amazonino foi competitivo até a apuração de 70% das urnas quando foi ultrapassado por Eduardo Braga (MDB).
Em Manaus Amazonino foi o segundo mais votado ficando atrás do atual governador Wilson Lima que venceu em 49 dos 62 municípios do Amazonas e em terceiro lugar na contagem geral de votos.
UEA
Entre as inúmeras contribuições de Amazonino Mendes para o Amazonas está a criação da Universidade do Estado do Amazonas (UEA), criada quando ele era governador do Amazonas em 2001. Considerado seu maior legado administrativo que já formou mais de 60 mil alunos em todo o Amazonas ao longo desses 21 anos de fundação.
Desde quando foi lançada em 12 de janeiro de 2001, a UEA oferece mais de 30 cursos distribuídos em dezessete campus na Região Metropolitana de Manaus e no interior do Amazonas. Em nível de pós-graduação, a Universidade do Estado do Amazonas conta com 23 especializações, além de 7 Mestrados e dois doutorados.
O primeiro reitor da UEA, Lourenço Braga, conta nos bastidores de criação da universidade e destaca a importância da universidade para os jovens amazonenses. Na ocasião, Lourenço relembrou trechos da conversa com Amazonino Mendes na implantação do projeto.
“Ele (Amazonino) dizia: eu não admito que os pobres não possam chegar na universidade. A universidade precisa ser lugar de pobre também. A universidade não atendia a demanda, sobretudo a demanda dos jovens pobres, porque os filhos dos ricos estavam na universidade pública. Foi assim que nasceu a UEA: da teimosia de um caboclo que veio do interior de Eirunepé e que sabia avaliar a necessidade que nossos caboclos tinham de chegar à Universidade Pública. A UEA é um marco divisório histórico sobretudo na educação. É a maior obra de qualquer governante da história do Amazonas”, destacou Lourenço Braga.
Histórico
Amazonino Armando Mendes nasceu em Eirunepé (AM) em 16 de novembro de 1939, filho de Armando de Sousa Mendes e de Francisca Gomes Mendes.
Seus primeiros estudos foram feitos em sua cidade natal. Depois, transferiu-se para o Ceará e estudou no Colégio Castelo Branco, em Fortaleza. De volta ao Amazonas, foi aluno do Colégio Dom Bosco, em Manaus, e cursou o segundo grau no Seminário do Espírito Santo, em Tefé (AM).
Iniciou sua carreira política em abril de 1983, ao ser nomeado prefeito de Manaus pelo governador Gilberto Mestrinho (1983-1987), do Partido do Movimento Democrático Brasileiro (PMDB). No seu mandato, deu atenção à urbanização dos bairros periféricos. Permaneceu à frente da prefeitura até abril de 1986, quando deixou o cargo para concorrer ao governo do estado nas eleições de novembro daquele ano, na legenda da Aliança Democrática — coligação que incluía, além do PMDB, o Partido da Frente Liberal (PFL), o Partido Comunista Brasileiro (PCB), o Partido Trabalhista Brasileiro (PTB) e o Partido Liberal (PL), entre outros.
Durante sua carreira política Amazonino Mendes foi três vezes prefeito de Manaus, quatro vezes governador do Amazonas e uma vez senador pelo Estado.
Amazonino não confirmou oficialmente se esse pode ter sido o último pleito que disputou, mas mesmo que o destino não lhe permita continuar na política ou ele não queira disputar mais nenhum cargo público, sua contribuição ao Amazonas e a gratidão dos amazonenses serão eternas.
Augusto Costa, para O Poder
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